Hugo Félix Publicado Janeiro 8, 2007 Publicado Janeiro 8, 2007 Olá a todos... Não sei se conhecem, mas encontrei este tutorial na net... Depois digam-me o que acham: Um sistema injetor de CO2 para você fazer em casa O gás carbônico, ou dióxido de carbono (CO2), é o principal nutriente das plantas. É dele que provém o carbono utilizado na síntese dos compostos orgânicos que constituem os vegetais. A reação através da qual ocorre esse processo de transformação é denominada fotossíntese e pode ser expressa de modo esquemático e muito simplificado assim: luz H2O + CO2 ----------------> açucares + O2 clorofila A concentração de CO2 dissolvido na água do aquário é um fator determinante para o desenvolvimento das plantas. Mesmo que tenhamos boa iluminação e os nutrientes adequados, uma concentração baixa de CO2 limitará a taxa de crescimento. Do mesmo modo, nada adianta uma elevada concentração de CO2 sem a necessária quantidade de luz ou de nutrientes. A variável de menor valor nivelará por baixo o desenvolvimento dos vegetais. É por isso que não se recomenda o uso de borbulhadores (pedras porosas e filtros movidos por bomba de ar) em aquários plantados, o borbulhamento expulsa o CO2 para a atmosfera reduzindo sua concentração a níveis muito baixos. De um modo geral, pode-se dizer que uma taxa de CO2 entre 3 e 15 miligramas por litro de água (mg/l) é adequada para a maioria dos casos, entretanto, taxas mais elevadas podem ser usadas dependendo de outras variáveis. Concentrações acima de 40 mg/l por períodos prolongados são prejudiciais para os peixes, podendo levá-los à morte. Alguns aquariófilos pensam que existe uma relação de proporção inversa entre a concentração de oxigênio e a de gás carbônico em seus aquários. Isso não é verdade, os dois gases podem estar em concentrações simultaneamente altas ou baixas, dependendo de vários fatores. Na verdade, um aquário bem plantado, com boa iluminação e uma concentração relativamente alta de CO2, terá obrigatoriamente uma elevada concentração de oxigênio, já que a atividade de fotossíntese será intensa. Um belo aquário de plantas pode ser mantido com boa iluminação, fertilização adequada e controle da qualidade da água através das próprias plantas, do sistema de filtragem e de trocas parciais regulares; no entanto, aquários com vegetação luxuriante, como os que vemos em algumas fotos de livros modernos de aquariofilia, dificilmente serão conseguidos sem um aumento da taxa de CO2 através de algum sistema de dissolução desse gás na água do aquário. As industrias tradicionais do ramo, como a Tetra, a Dupla e outras, desenvolveram sistemas de injeção de CO2 próprios para uso em aquários, no entanto tais produtos são ainda muito difíceis (se não impossíveis) de se adquirir no nosso comércio especializado. De forma simplificada, esses sistemas compõem-se de um reservatório de gás (uma garrafa do tipo do extintor de incêndio), um medidor de pressão, uma válvula especial que controlar a pressão de saída do gás, um conduto plástico que leva o gás até a água do aquário e um difusor (que pode ser apenas uma pedra porosa ou algo mais complexo). A dissolução do CO2 na água dá-se por simples contato, quanto mais tempo as bolhas do gás demorarem para atingir a superfície, mais CO2 será dissolvido na água. Por isso, para otimizar o consumo, utilizam-se sinos submersos que retêm o gás mais tempo em contato com a água. CO2, pH e dureza carbonatada (KH) Se você testar o pH da água do seu aquário plantado ao final de um período de iluminação e comparar com a testagem feita ao final de um período de escuridão, notará uma pequena variação. A água será ligeiramente mais ácida após o período sem luz. Isso reflete a variação na concentração de CO2. Durante o período de luz as plantas absorvem CO2, utilizado na fotossíntese, reduzindo a sua quantidade. Já no período sem luz, elas cessam a fotossíntese e, portanto, a absorção de CO2, mas continuam a liberar CO2 pelo processo de respiração. Assim, quando há iluminação a taxa de gás carbônico diminui, aumentando quando não há luz suficiente para a reação de fotossíntese. Esse efeito da taxa de CO2 sobre o pH deve-se ao ácido carbônico, que é formado em pequena quantidade quando esse gás é dissolvido na água (CO2 + H2O = H2CO3). Em que medida o ácido carbônico fará variar o pH, irá depender de um outro parâmetro denominado "dureza carbonatada" (representado por KH ou dCH), que expressa a concentração de carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água (não confundir com a dureza total, GH ou dH, que é a soma da dureza carbonatada e da não carbonatada, provocada por outros minerais, como sulfatos, cloretos e nitratos). Esses minerais têm a propriedade, denominada "capacidade tampão", de neutralizar o efeito dos ácidos, diminuindo, assim, as variações do pH. Qualquer aquarista que já tenha tentado acidificar através de produtos químicos uma água com dureza carbonatada alta, sabe como tal tarefa é difícil, após algum tempo o pH retorna ao mesmo valor anterior ou muito próximo. Quanto menor o KH, mais sensível será a diminuição do pH pelo aumento do ácido carbônico ou de qualquer outra substância ácida. Os testes de KH não são tão fáceis de encontrar como os de pH, pois não são ainda produzidos pela industria aquarística nacional, mas podem ser conseguidos em algumas boas lojas que trabalham com material importado. Essa interação dos parâmetros é importante para o aquariófilo que pretende utilizar a injeção de CO2 por que, conhecendo a dureza carbonatada, poderá facilmente controlar a concentração do gás através da medida do pH. A tabela abaixo mostra as diversas concentrações aproximadas de CO2 (mg/l) em função do cruzamento do KH e do pH. A área sombreada marca os limites ótimos, dentro dos quais estão assegurados níveis adequados às plantas sem risco à saúde dos peixes. Gerador de CO2 a base de fermento Há cerca de um ano encontrei na Internet um Faq que ensinava a fazer um gerador de CO2 bastante simples e de custo reduzido. Depois, descobri várias outras referências ao mesmo dispositivo, com algumas variações, em diversos sites de aquariofilia. Tenho usado esse tipo de gerador há algum tempo, alterando alguns detalhes a partir de novas sugestões encontradas na rede e dos resultados obtidos por minha própria experiência. A versão que irei descrever é apenas uma possibilidade entre muitas, usando os mesmos princípios, o leitor poderá desenvolver o dispositivo que mais lhe convier. Material: - garrafa plástica de refrigerante de 2L. vazia com a tampa plástica de rosca. - tubo plástico do tipo usado nas bombas de ar para aquário. - conexão de plástico simples para emendar esse tipo de tubo - pedra porosa - açúcar - fermento biológico - bicarbonato de sódio Preparação: Faça um furo no centro da tampa da garrafa, o suficiente para passar o tubo plástico sem folga (pode utilizar um prego quente). Após introduzir um pequeno pedaço do tubo, vede hermeticamente em volta do furo com cola de silicone. Dissolva 2 copos (de 200ml) e meio de açúcar em 1 litro de água sem cloro (se você amornar um pouco a água a dissolução é mais rápida). Dissolva 1 colher de sopa bem cheia de fermento biológico (ou um tablete de 15g), do tipo usado para massa de pão, em um copo de água sem cloro. Misture as duas soluções e acrescente meia colher de chá de bicarbonato de sódio. Encha a garrafa com a solução final e se necessário acrescente água sem cloro até o nível alcançar no máximo 10cm abaixo da tampa (é importante que a extremidade do tubo que penetra na garrafa através da tampa fique distante da solução para não se correr o risco de um sifonamento acidental da solução para o aquário). Tampe a garrafa com a mão e misture bem, sacudindo com se estivesse preparando um cocktail. Deixe esfriar até atingir a temperatura ambiente. Quando a produção de CO2 estiver forte, o que deve levar no mínimo 1h., coloque a tampa que você preparou, conecte uma ponta do tubo plástico ao pedaço de tubo que sai da garrafa e a outra a pedra porosa. Introduza a pedra no aquário. Em alguns minutos deve começar uma pequena produção de borbulhas, parecerá pouco, mas será o suficiente para gerar grandes efeitos. Se tudo correr bem, essa solução deverá produzir CO2 a uma taxa relativamente constante por no mínimo 10 dias, após as quais terá que ser substituída por uma nova. Mais adiante falaremos de uma série de cuidados que você deverá tomar. Funcionamento A fermentação, que é uma modo de respiração anaeróbico, é um processo inverso ao da fotossíntese. Consiste na quebra de moléculas dos compostos orgânicos com a liberação da energia dessas ligações moleculares desfeitas. Tal energia é usada pelas células (fungos e bactérias responsáveis pelo processo de fermentação) para os movimentos e as sínteses químicas necessárias à sua sobrevivência e reprodução. As bactérias do fermento biológico produzem enzimas que decompõem as moléculas do açúcar gerando como subprodutos o álcool e o dióxido de carbono. Resumindo de modo bastante simplificado, podemos representar assim a reação: enzimas açúcar --------------> álcool + CO2 As quantidades de açúcar e fermento usadas na mistura podem variar muito. Em princípio, a quantidade de açúcar estaria associada à longevidade da mistura e a de fermento à taxa de produção, mas há limites além dos quais não se pode mais aumentar essas variáveis, pois a quantidade de álcool produzido acaba matando as bactérias e diminuindo a vida útil da solução. O bicarbonato de sódio serve como "tampão" para o pH da mistura, já que a produção de CO2 também acidifica a própria solução, reduzindo sua produtividade mais rapidamente. Sugiro que o leitor anote as quantidades usadas a cada mistura e compare os resultados para descobrir qual a proporção mais eficiente em seu caso. Como não há um controle científico de todas as variáveis envolvidas no processo, sempre existirá uma certa variação nos resultados obtidos por diferentes usuários desse método. Utilização A variação do pH, produzida pelo ácido carbônico, é muito rápida, por isso é preciso ter cuidado quando iniciar a injeção do gás. Grandes variações de pH em intervalos curtos de tempo pode estressar os peixes e, em casos extremos, até levá-los à morte. Evite provocar variações maiores que 0,2 em intervalos inferiores a 4 horas. Como o CO2 dissolve-se por contato com a água, e como, nesse dispositivo, não temos nenhuma válvula para regular a quantidade de gás injetado, a regulagem da quantidade dissolvida é feita controlando-se o tempo de contato das bolhas com a água. Para tanto, basta controlar a profundidade em que a pedra porosa será colocada. Use uma ventosa para prender o tubo ao vidro na altura desejada, quanto mais fundo for colocada a pedra mais CO2 será dissolvido até que as bolhas atinjam a superfície. Comece fixando a pedra a 5cm da superfície, depois de uma hora verifique a variação de pH, vá abaixando gradativamente a pedra até atingir o pH desejado. Depois que você utilizar o sistema pela primeira vez, já vai ter uma idéia da escala de variação produzida para as dimensões do seu aquário, então poderá ajustar a altura mais rapidamente da segunda vez. A medida em que a produção do gás for diminuindo, após alguns dias, você poderá abaixar mais a pedra para prolongar a utilização da mistura. No início, é importante que você verifique o pH diariamente para certificar-se que o sistema está estável e corrigir a altura da pedra, caso necessário, para manter o pH na faixa que for determinada. Quando for decidir qual o valor de pH que será mantido, leve em conta que na ausência de luz haverá uma redução tanto maior quanto mais plantas o seu aquário possuir. De qualquer modo, não suspenda a injeção do gás no período escuro, pois a variação seria maior no sentido contrário da escala. Quando a produção de CO2 estiver muito fraca e for hora de substituir a mistura, é aconselhável que você tenha uma garrafa sobressalente para preparar a nova mistura. Somente faça a substituição quando a nova mistura já estiver produzindo, assim evita-se maiores variações. Lembre-se que suspendendo bruscamente a injeção o pH retornaria rapidamente ao seu valor original. Com o tempo, ficará mais fácil manter o controle do sistema, pois você vai começar a perceber visualmente as variações através da quantidade de produção de bolhas do injetor e também pelas micro bolhas de oxigênio produzidas pelas plantas quando a taxa de CO2 estiver alta o suficiente para acelerar a fotossíntese. Mas, sempre será necessário medir o pH quando desconfiar de alguma alteração significativa. Recomendações úteis - Se você for iniciante em aquariofilia, aconselho que aprofunde seus conhecimentos sobre os parâmetros químicos da água (pH, dH, KH), suas variações e influências sobre a vida aquática, antes de efetuar qualquer alteração. - Apenas experimente esse dispositivo, caso você tenha tempo disponível para fazer um controle diário do pH e do funcionamento geral. - Não utilize esse tipo de sistema rudimentar em aquários com espécies muito sensíveis às variações de pH, pois você não terá como garantir uma estabilidade suficientemente segura para eles. Com tempo e experiência você poderá avaliar melhor o nível de estabilidade possível de ser mantido e, aí sim, empregá-lo com espécies mais sensíveis caso sinta-se seguro. - Se a sua água tiver uma dureza carbonatada muito baixa e você desejar manter uma taxa alta de CO2, será preciso, antes de iniciar a injeção, elevar o KH através do emprego de bicarbonato de sódio. - De nada adiantará o uso de CO2 se você não tiver uma iluminação adequada, portanto avalie bem as necessidades do seu aquário levando em conta o tamanho, a altura da coluna de água, a distância da fonte luminosa até a superfície da água e o tipo e quantidade de vegetação. Uma referência inicial é a regra geral de 1W (fluorescente) para cada 2 litros. Dê preferência às lâmpadas de espectro total e não às coloridas. Não tente compensar uma iluminação fraca aumentando o tempo de exposição, o ideal é entre 10 e 12 horas diárias. - É possível que você precise usar algum fertilizante próprio para aquários. Dê preferência àqueles de amplo espectro, isto é, que contenham vários elementos-traço e não apenas ferro e potássio. Mas, muito cuidado com o excesso de fertilizante ou você terá problemas com as algas. As trocas parciais regulares também repõem os elementos-traço. É aconselhável o uso de um teste para concentração de ferro (novamente, só encontramos importados), evitando concentrações superiores a 0,1 ppm. - Há relatos, e já aconteceu em meu aquário, do aparecimento eventual de uma espécie de fungo de cor branca na pedra porosa que difunde o gás, não foram observados pelos autores dos referidos relatos, e nem por mim, nenhum efeito nocivo desse fungo sobre qualquer aspecto da vida aquática, nem sua propagação para outras partes do aquário. Conclusão O emprego de CO2, mesmo através de um dispositivo simples como esse, produz uma estimulação visível ao desenvolvimento da vegetação. É importante que o aquariófilo que se propuser a utilizá-lo, pesquise e aprofunde seus conhecimentos. Aquários são micro ecossistemas complexos em que a maioria das variáveis são interdependentes, como nos sistemas naturais que eles reproduzem. Qualquer intervenção nesses microcosmos terá uma maior possibilidade de êxito, quanto mais ampla for a visão e a compreensão daquele que monitora o sistema. Não se satisfaça com as informações contidas nesta matéria, confronte-as com outras informações, pesquise, pense, analise criticamente, experimente e chegue às suas próprias conclusões, de preferência nunca definitivas. O autor não possui formação acadêmica em biologia, química ou áreas de afinidade, portanto, solicita a todos aqueles que detectarem erros ou equívocos neste artigo que enviem suas críticas e sugestões, em benefício de todos os leitores que não tenham a mesma capacidade crítica. Finalmente, proponho àqueles que já tenham, eventualmente, empregado este método ou aos que venham usá-lo, a partir das informações aqui contidas, que divulguem suas experiências para que possamos todos aperfeiçoar sua prática. Coloco-me à disposição para o esclarecimento de qualquer ponto que o leitor julgue necessário. Boa sorte a todos. Bibliografia consultada ANDREWS, C. Hobbyst Guide To The Natural Aquarium.Tetra-Press, 1991. FONSECA, A. Biologia - Segundo Grau. Ed. Ática, 1989. LOURO, R. R. Optimum aquarium, in: Aquarium, n. 3, ano 1, dez/1996. NOTARE, M. Plantas Hidrófilas e seu Cultivo em Aquário. Ed. Sulamérica/Flora Bleher, 1992. SCHEURMANN, I. Aquarium Plants Manual. Barron's, s/d. Os dados sobre o dispositivo de produção de CO2 propriamente dito foram colhidos em diversos sites da internet, indicaremos apenas um, que julgamos conter a maior quantidade de informações e de melhor qualidade: http://www.cco.caltech.edu/~aquaria/ Roberto Novaes Colaborador de Aquarismo Citar Cumprimentos: Hugo Félix O meu Aquário - Vision 450l O meu Site O meu Blog
Jacinto Costa Publicado: Janeiro 9, 2007 Publicado: Janeiro 9, 2007 Bons Anos a todo o pessoal Mais explicado do que isto é impossivel, muito bem feito. Meus PARABÉNS banana rock Citar
CarlosMSantos Publicado: Janeiro 10, 2007 Publicado: Janeiro 10, 2007 Este método caseiro de que falas (Gerador de CO2 a base de fermento) não é do género deste: http://www.aquariofilia.net/forum/index.ph...=10394&st=0 Se for estou a montar um agora, vamos lá ver se dá resultado! Pelos posts acho que sim... Cump Citar ::Uma imagem vale mais que 1000 palavras:: ::Estou a procura de uma...::
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