Tiago do Vale Publicado Dezembro 5, 2006 Publicado Dezembro 5, 2006 (editado) Olá, pessoal! Mais uma ficha! Desta vez foi porque adquiri dois exemplares da espécie, e como não estava de todo familiarizado com os seus requerimentos, tive mesmo de investigar. E agora está aqui, e no wiki, para partilhar convosco! http://www.dfmnet.com/wiki/index.php?title...amon_fluviatile E inaugurou-se a secção de invertebrados de água doce do wiki: se alguém quiser dar o seu contributo... nome comum Caranguejo de Água-doce de Malta status IUCN Em Perigo Reino Animalia Filo Arthropoda Superclasse Crustacea Classe Malacostraca Ordem Decapoda Família Potamonidae Género Potamon Espécie P. fluviatile Binómio Potamon fluviatile Autor do binómio Herbst, 1785 Exemplar de Potamon Fluviatile O Caranguejo de Água Doce de Malta (Potamon fluviatile) é um dos invertebrados mais curiosos dos que se podem encontrar na Europa. Este caranguejo abandonou o mar, e vive e reproduz-se em pequenos ribeiros e lagos no interior das florestas. Os seus ancestrais provêm da Ásia, e foram representados em moedas das antigas Mesopotâmia e Grécia. A sua carapaça atinge entre 3,5 e 4,5 cm de largura, e prefere águas duras. Ao contrário da maior parte dos caranguejos de água doce, não precisa de voltar ao mar para a reprodução. Taxonomia O Caranguejo de Água Doce de Malta foi classificado por Johann Friedrich Wilhelm Herbst (1743 - 1807) em 1785, no seu Naturgeschichte der Krabben und Krebse (1782-1804, 3 volumes), que foi uma das primeiras tentativas de fazer um levantamento completo da Ordem Decapoda. Criaram-se muitas sub-espécies relacionadas com o Potamon fluviatile, mas presentemente não são consideradas válidas. *Potamon fluvitile *Potamon fliviatile *Potamon fluviatile them *Actualmente: Potamon fluviatile Distribuição e Diversidade Embora existam evidências de que já estiveram presentes em grande parte dos países mediterrânicos, do Norte de África aos Balcâs, actualmente a sua presença é confirmada apenas na Grécia, Albânia, Croácia e Malta. Em Itália, ocorre na Sicília, a Oeste dos Montes Apeninos, Sardenha e Ligúria, e o seu habitat consiste de rios e ribeiros, lagos, zonas lacustres, arrozais, etc.. Descrição física O corpo, de coloração castanha-acizentada com marcas amareladas, divide-se em três segmentos: cabeça, tórax e abdómen. As primeiras duas (que formam o cefalotorax) são protegidas por uma carapaça quitinosa. A cabeça é munida de um aparelho bucal mastigatório, munido de duas mandíbulas e dois pares de maxilares. Os olhos, suportados por um pedúnculo, podem ser recolhidos para as cavidades orbitais. O abdómen é recurvado e, na fêmea, apresenta uma bolsa abdominal para a incubação dos ovos e transporte das crias. O primeiro par de membros é sobredimensionado, com pinças robustas de cor avermelhada, utilizadas para defesa, predação, manipulação e escavação. Os outro quatro pares têm função locomotora. Nos machos adultos, é normal que uma das pinças, geralmente a direita, apresente dimensões superiores às da outra. Ecologia e Comportamento Vive em tocas cavadas nas margens submersas dos rios e lagos de água doce. Tolera taxas baixas de humidade, o que lhe permite abandonar a água e penetrar em solo seco algumas dezenas de metros. Quando as temperaturas são baixas, é raro encontrar um exemplar fora da sua toca: esta espécie é mais activa da Primavera ao Outono, e é diurna, embora à medida que os dias aquecem prefira sair da toca só depois do Sol se pôr. Os machos são mais sedentários e permanecem quase permanentemente no interior da água, enquanto que as fêmeas (mais pequenas que os machos e mais rápidas) aventuram-se mais frequentemente em terra seca, já que precisam de uma dieta mais rica para produzir os ovos. Existem outras espécies de crustáceos a viver em habitats de água doce na Europa, mesmo que necessitem de condições ligeiramente diferentes: o tímido Lagostim Europeu (Austropotamobius) e o agressivo -e maior- (P. c l a r c k i i) [b][color="#FF0000"] Espécie inserida no DL 565/99.[/color] [url="http://http://www.aquariofilia.net/forum/index.php?showannouncement=6"]Lista de espécies cuja venda é proibida em Portugal[/url][/b] do Louisiana (Procambarus clarkii), uma espécie invasora proveniente dos Estados Unidos da América. Recentemente, a Universidade de Florença, para melhor perceber o equilíbrio de forças e a distribuição destes crustáceos nos cursos de água europeus, fez uma série de experiências que envolviam lutas entre as diferentes espécies: supreendentemente, o caranguejo demonstrou uma evidente superioridade, mesmo em relação ao feroz lagostim americano. Com um temperamento agressivo, hábitos nocturnos e o tamanho de uma mão, o Potamon não é um alvo fácil para predadores, mas é particularmente vulnerável à poluição e degradação do habitat (embora exista uma curiosa população no centro histórico de Roma, na área do Fórum de Trajano). A sua população tem diminuído notavelmente, em toda a sua área de distribuição, encontrando-se classificada pelo IUNC como espécie em risco de extinção. No Aquário Estes crustáceos são omnívoros, podendo nutrir-se a partir de uma variedade de alimentos, como pequenos insectos, caracóis ou outros invertebrados. Se a oportunidade surgir, podem mesmo atacar um peixe debilitado. Também se alimentam de detritos vegetais, algas e musgos. No aquário aceitam prontamente qualquer tipo de alimento comercial, e vegetais. No período reprodutivo, os machos procedem a lutas rituais, para sancionar o direito à fêmea, embora uma fêmea possa ter mais do que um parceiro. A cópula e consequente postura ocorrem geralmente no final da Primavera (eclodindo os ovos no Verão), embora possam acontecer mais tarde. O macho deposita na fêmea um saco de esperma, que ela pode conservar entre algumas semanas a um ano num receptáculo específico. A fecundação dos ovos, depositados pela fêmea na bolsa abdominal, é feita subsequentemente. O desenvolvimento dos ovos prossegue no abdómen da fêmea, eclodindo depois de cerca de 40 dias. Durante cerca de duas semanas, as crias são transportadas e protegidas pela progenitora na região abdominal, até que assumem a sua autonomia. As crias são exclusivamente aquáticas durante os primeiros meses (sem nenhum estágio em água salgada ou salobra, como a maior parte dos caranguejos das florestas tropicais), antes de se aventurarem em solo seco. Os Potamon fluviate foram recolhidos em cursos de água com temperaturas entre os 12 e os 27ºC, e pH entre 7.1 e 8.6, com profundidades entre os 4 e os 110cm. Nomes Comuns Caranguejo de Água-doce (Português) Caranguejo de Água Doce de Malta (Português) Freshwater Crab (Inglês) Maltese Freshwater Crab (Inglês) Qobru (Maltês) Bibliografia e links Herbst J.F.M., 1782-1804. Versuch einer Naturgeschichte der Krabben und Krebse, nest einer systematischen Beschreibung ihrer verschiedenen Arten. Berlin & Stralsund. Vol. 1-3: 1-515 + pl. 1-62. Potamon fluviatile - Ecoport Potamon fluviatile - RomaNatura http://www.dfmnet.com/wiki/index.php?title...amon_fluviatile Não se inibam de editar e corrigir ou acrescentar qualquer coisa que achem pertinente. Um abraço! Editado Abril 4, 2007 por Tiago do Vale
aquaben Publicado: Dezembro 5, 2006 Publicado: Dezembro 5, 2006 Boas, Tiago Hoje aprendi mais uma coisa nova,(este fórum tem destas coisas …obrigado). Já conhecia e colectei caranguejos de água doce na Indonésia, agora este caranguejo de agua doce Europeu…lindo e ficavam lindamente no aqua dos meus Umbra kramera, outra espécie Europeia da zona da Croácia (e arredores), que também está em risco devido à introdução de outras espécies e à deterioração de grande parte do seu habitat…apesar de ser um peixe extremamente resistente no que diz respeito à qualidade da água…mas não é de ferro… Um abraço, até breve José Bentes APC"134"; APK "214" http://sites.google.com/site/aquabenfriends/home
Tiago do Vale Publicado: Dezembro 7, 2006 Autor Publicado: Dezembro 7, 2006 (editado) Boas Aquaben! Também aprendo muito ao investigar para estas fichas! A que está no WIKI já tem mais alguns pormenores. Tenho um casal, num aquário ajustado às suas necessidades. Vamos ver o que acontece! Têm-se adaptado bem: com muito apetite e, apesar de só ter passado uma semana, estão a ganhar uma cor mais viva, com tons alaranjados: a foto não lhes faz justiça! (É escusado que dizer que têm limpo os caracois todos: Physa e até Melanoides tuberculata, que têm uma casca bem dura.) Tenho-os visto fora de água, mas menos do que esperava: talvez uma vez por dia, meia-hora ou uma hora de cada vez (embora não saiba se à noite o fazem mais). É muito interessante observá-los, sobretudo quando empreendem escavações: são muito hábeis a usar as pinças -fico sempre admirado- embora o facto de o aquário ter muitos esconderijos pareça desinteressá-los de fazer toca: para já só vi umas tentativas pouco sérias. Ainda não vi nenhuma enxúvia -fico mais descansado nessa altura- mas para já estou optimista! Editado Abril 4, 2007 por Tiago do Vale
aquaben Publicado: Dezembro 7, 2006 Publicado: Dezembro 7, 2006 Boas Tem muito cuidado com frestas e outros buracos na tampa do aqua...os meus perdi-os todos por eles terem decididos sair fora do aquario... Boa sorte com a criação deles...eu vou tentar fazer o mesmo com os Umbra kramera...depois já estás a ver a coisa, neh??? uma trocazinha para completarmos o biotopo... Um abraço, até breve José Bentes APC"134"; APK "214" http://sites.google.com/site/aquabenfriends/home
Tiago do Vale Publicado: Dezembro 7, 2006 Autor Publicado: Dezembro 7, 2006 (editado) hehehehe Está combinado! Um abraço! Editado Abril 4, 2007 por Tiago do Vale
Tiago do Vale Publicado: Fevereiro 26, 2007 Autor Publicado: Fevereiro 26, 2007 Más notícias... perdi o macho. Caraças. :-D
lmsalgado Publicado: Janeiro 15, 2009 Publicado: Janeiro 15, 2009 Com base da tua ficha (muito boa acrescente-se), acrescentei esta espécie à Lista de espécies em extinção, com referencia a este post. Fica à vontade para acrescentar informação. Obrigado
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