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Antes de mais queria desde já demarcar-me da corrente de opinião que pouco lhe falta para praticamente afirmar que todos os males do mundo têm origem em correntes eléctricas introduzidas nos nossos aquários.

 

A minha “relação” com este tema começou há uns tempos porque cada vez que tinha de mexer num aquário mini-reef e passava com o braço num dos reflectores da iluminação fluorescente T5 sentia uma incómoda picada como se dum choque eléctrico de fraca intensidade se tratasse.

 

Verifiquei cuidadosamente se o reflector não estaria em contacto com alguma parte da base da calha e, para meu espanto, tudo parecia bem: o reflector apenas contactava com o vidro da lâmpada que, como se sabe, à partida não conduz electricidade.

 

Fui levado a concluir que, por algum processo que a minha ignorância não permite compreender e a minha preguiça não deixa investigar mais, a passagem de electrões na lâmpada induzia uma forte carga, penso que estática, no reflector. Quando o pobre autor destas linhas contactava com o respectivo metal era logo atravessado por uma impertinente corrente porque fazia de condutor proporcionando assim uma ligação à terra.

 

Ora se a situação não me impedia de todo de extrair o almejado prazer de gerir aquele aquário, confesso que me irritava e não era pouco. Com a inocência dos ignorantes pensei: já que sirvo de condutor entre o reflector e a terra, se eu proporcionar uma condução alternativa de melhor qualidade então a corrente não vai querer ter o incómodo de me percorrer.

 

Liguei então o reflector da calha a um ponto de terra duma tomada livre e com alguma incredibilidade pude verificar que o problema tinha desaparecido completamente. Deve ter sido a única coisa que acertei “à primeira” no domínio da aquariofilia.

 

Mais tarde pude confirmar com um multímetro que havia uma diferença de pontencial de cerca de 14 Volts AC entre o reflector e a terra. Quando restabelecida a ligação passava obviamente a zero.

 

Nessa ocasião, mais por curiosidade do que por método, peguei na sonda do multímetro e toquei com ela na água à superfície do aquário e quando esperava ler uma número próximo de zero, fui emocionalmente esmagado por uma leitura de 16 Volts AC. Ou seja: por indução, por condução ou por magia, havia electricidade à solta pelo aquário.

 

A única certeza que tinha era que sempre que tocava na água lá serviria eu de “auto-estrada de electrões” embora confesse que (muito provavelmente pelo facto do contacto ser mais distribuído por mão e braço) não sentia nada fisicamente. Se tivesse uma pequena ferida num dedo a conversa já era outra mas sempre atribui esse efeito à irritação provocada pela salinidade.

 

Quando se decide ligar a água do aquário à terra surge-nos um problema diferente: qual vai ser o material condutor a utilizar? O clássico será usar algo metálico mas como decerto se pode imaginar há dois problemas a resolver: a contaminação da água (pode ser catastrófica principalmente para os invertebrados) e a corrosão da peça utilizada.

 

Pesquisando um pouco, cheguei a duas soluções: titânio e inox 316. Embora os dois casos se apresentem sobre a forma de ligas que incluem outros metais nada interessantes, ainda assim pareceram-me suficientemente seguros. O problema foi encontrar uma peça que possa se adaptasse à função. O ideal teria sido a utilização de um raio de roda de bicicleta em titânio. Depois duma busca inglória em lojas de bicicleta, acabei por desistir mas lembrei-me que tinha um selim com carris de titânio que, apesar de ter uma forma aparentemente difícil de operar, com algum jeito, poderia servir.

 

A peça tem uma forma de “U” invertido o que me permitiu colocar uma extremidade dentro do refúgio e a outra a servir para ligar o fio que por sua vez seguia para a tomada.

 

Concluído o trabalho, procedi à medição da diferença de potencial e o resultado foi o esperado: zero!

 

Valerá a pena ter este trabalho? Eu acho sinceramente que sim, pelo menos na perspectiva do aquariofilista, já que dou apenas o benefício da dúvida aos que afirmam ser muito graves os impactos da corrente eléctrica em alguns organismos como os peixes. No meu novo sistema, não só liguei o aquário à terra mas fui um pouco mais longe e liguei igualmente a estrutura metálica do móvel que o sustenta.

 

Será que no caso limite da ruptura dum fio dentro do aquário uma ligação à terra nestes termos nos protege dum ameaçador choque eléctrico? Não sei e nem pretendo experimentar mas tive muito recentemente um acidente em que um jacto de água salgada proveniente duma bomba atingiu subitamente uma calha de iluminação ligada enquanto eu tinha as mãos no aquário. A luz lá em casa foi abaixo mas eu não! Aliás nada senti.

 

Se foi só sorte ou a ligação à terra é discussão que deixo para os especialistas no assunto.

 

A electricidade mata por isso há que ter SEMPRE todos os cuidados quando se trata dela. A ligação à terra é sem dúvida um bom aliado mas soluções como as que aqui se descrevem só podem ser inteiramente confiáveis se forem tratadas por profissionais.

 

Fotos no próximo post

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Já agora, os meus 2 centimos. A carga existente no reflector é de natureza electrostatica, e por isso a medição devia ser feita em DC, ias verificar muito mais do que 16V, só que como a carga está a uma tensão muito elevada mas com uma corrente infima a Energia é muito pouca. Alias, diga-se que o que mata é a corrente e não a voltagem, se alguma vez brincaram com um gerador de Van Der Graff (se nunca tiveram a opurtunidade, podem experimentar na semana da fisica do IST, e nao tenho a certeza se no pavilhão do conhecimento?) e se vos explicaram como funciona, devem saber que consegue acumular tensões na ordem das dezenas de KV (os pequenos), só que a corrente é minima e a descarga é instantanea e por isso apenas sentem o choque, mas nada mais que isso.

 

No entanto por exeperiência própria sei que pode ser bastante incomodativo, quando não se conta com ela :oops: e divertido quando se conta (brincar com o Van Der Graff)

 

Quanto ás correntes no aquario, são chamadas de correntes de fuga, isto porque nem mesmo os plásticos são isoladores perfeitos e na agua é dificil gerar-se electricidade estática.

 

Estas correntes de fuga dão normalmente nas bombas, termostatos, etc que existam no aquario, a vantagem é que o potencial da agua é constante e por isso para os peixes é "igual ao litro", é como estar ligado ao gerador de van der graff quando este começa a carregar, não se sente nada mas vamos acumulando, os cabelos começam a subir e só quando tocamos em alguem ou alguma coisa e descarregamos é que sentimos a electricidade.

 

Ao colocar um ponto de terra no aquario, as coisas mudam, porque se estabelecem diferenças de potencial das bombas, termostatos, etc para o ponto de terra e portanto existirá um caminho optimo do instrumento para a terra que será percorrido por uma corrente enquanto que noutros sitios não, e ai podera ser peceptivel para os peixes a diferença. Isto teoricamente, já que as correntes de fuga são desprezáveis e acho que os peixes a vão sentir.

 

A razão pela qual levas o choque no reflector e não na agua, apesar das superfcies de contacto serem diferentes e isso poder ser uma justificação, é mais pelo facto da natureza dferente da electricidade num caso e noutro como explicado em cima.

 

Os volts medidos por ti na calha e na agua, não são nem suficientes para quebrar a resistencia da derme e com esses niveis de tensão nao apanhas choque nenhum (experimenta ligar duas pilhas de 9V em série e meter os dedos nos terminais...não sentes nada).

 

Quanto ao jorro de agua para a lampada, a melhor protecção não é nem por sombras a ligação á terra, é sim um diferencial que dispare antes do 30mA, que basicamente compara a corrente que passa na fase e neutro e se existir uma diferença de 30mA dispara. Tipicamente em casa trabalha-se com 50mA, mas para aquariofilia seria recomendável os de 30mA porque se está a trabalhar com um bom condutor, a agua.

 

Já agora porque 30mA, porque é considerado o nivel a partir do qual pode induzir uma fibrilhação no coração se o atravessar sendo por isso potencialmente mortal.

 

resumindo:

 

1-fizeste bem em ligar o reflector á terra por ser incomodo.

 

2- não concordo muito com as "grounding probes"

 

3- melhor protecção...um diferencial de 30mA

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Obrigado pela tua resposta! :D

 

Como disse acima, não percebo nada do assunto e o teu post foi bem esclarecedor. :wink:

 

No entanto, quanto a não se sentir praticamente nada na calha, ficas desde já convidado a vir cá cheers roçar o braço pelo reflector (desligando a terra) e depois cheirar o braço. É só pelinho queimado... e doi... :? não é uma impressão tipo cabelo em pé com carga estática que essa já a senti. :)

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Eu, sei cheers sentia muitas vezes a fazer manutenção dos aquarios :wink: tambem achei estranho durante uns tempos, mas só depois de tambem verificar várias vezes se não haveria nenhum mau contacto é comecei a pensar naquilo e depuis fui verificar na teoria da coisa :)

 

mas podes facilmente constatar que é electrostatica e de acumulação lenta fazendo vários toques sucessivos na calha, no 2ª ou 3º (depende da capacidade de "aterrar") já não sentes nada.

 

Para quem nao quer fazer estas ligações... pode sempre ser corajoso e antes de fazer a manutenção pousar a mão aberta sobre o reflector, como a area de contacto é maior, nao se sente o choque, e depois pode-se trabalhar durante algum tempo sem mais choques.

 

quando eu disse isto era só para dizer que uma medida dessas em AC não faz muito sentido:

 

Os volts medidos por ti na calha e na agua, não são nem suficientes para quebrar a resistencia da derme e com esses niveis de tensão não (palavra corrigida) apanhas choque nenhum (experimenta ligar duas pilhas de 9V em série e meter os dedos nos terminais...não sentes nada).

 

o que doi são as várias centenas de volts que se acumulam na calha como electrostatica, só que são muito dificeis de medir, já que mesmo com uma resistencia muito pequena de uma multimetro, a carga é rapidamente dissipada.

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Obrigado!

 

Ora cá vão as prometidas fotos.

 

Ligação da calha:

 

Pic_7134_26.jpg

 

Ligação do aquário (com o tal carril de selim em Titânio)

 

Pic_7134_27.jpg

 

Eléctrodo em Inox 316 (retirei-o da posição para se poder observar melhor - só a ponta toca na água para minimizar possíveis corrosão e contaminação com metal):

 

Pic_7134_29.jpg

 

Ligação à tomada (com uma ficha tipo crocodilo):

 

Pic_7134_28.jpg