Diogo Lopes Publicado Novembro 16, 2005 Publicado Novembro 16, 2005 A ILUMINAÇÃO A luz do sol é a fonte de vida por definição e, como tal, é imprescindível para a manutenção da maioria das espécies marinhas. Nas nossas casas não podemos aproveitar a luz do sol para os nossos aquários. Assim, a iluminação de um aquário é um dos factores predominantes para o seu sucesso. A luz tem, não só, um papel essencial no desempenhar de processos biológicos, como também é um importante factor estético. A escolha da iluminação certa para o seu aquário, vai depender do tipo de aquário que pretendemos manter, do tipo de animais e muitas vezes também das possibilidades financeiras de cada um. Antes de mais, será necessário percebermos as necessidades dos diversos animais que pretendemos manter. Temos então que considerar em primeiro lugar a acção fotosintética das Zooxanthelas, as algas simbiontes com a maioria dos corais. Estas algas microscópicas necessitam de um certo comprimento de onda de luz, medido em nanómetros (nm), por forma a transformarem o dióxido de carbono em material orgânico, libertando oxigénio, ajudando também na formação das estruturas dos corais. Há três importantes propriedades da luz que um aquariófilo deve abordar e explorar: o fotoperíodo, o espectro luminoso e a intensidade. O fotoperíodo é a duração da exposição à luz. os melhores resultados conseguem-se, com exposições entre 8 e 12 horas. Sempre que possível a intensidade da luz deverá aumentar e diminuir de uma forma gradual – simulando assim, o nascer e o pôr do sol nos ambientes naturais. Podemos ainda utilizar lâmpadas com potências muito baixas e de espectro azul, para simular o luar. É muito importante manter um fotoperíodo constante pois uma mudança provoca stress nos corais, tendo influência no seu metabolismo. A luz é composta por diversas radiações com diferentes comprimentos de onda, que compõe o espectro de cores. Destas radiações, apenas uma pequena parte é percebida pelo olho humano (dos 380 aos 780 nm). As cores do espectro visível vão do vermelho ao azul, passando pelo laranja, amarelo e verde, sendo o mais baixo comprimento de onda visível na ordem dos 380 nm. Abaixo desse valor a luz entra no campo dos ultra-violetas (UV). A luz com comprimentos de onda elevados, no campo dos vermelhos e infra-vermelhos, tem apenas uma importância estética quanto à manutenção de um aquário. Já a luz com comprimentos de onda entre os 350 e 750 nm têm grande importância para as Zooxanthelas, pois é dentro deste espectro que realizam a fotosíntese. Na zona mais baixa deste espectro (350 nm) existem radiações UV (que vão dos 315 aos 380 nm) que podem ser prejudiciais a muitos pólipos de coral, mas são muito importantes para as Zooxanthelas. Muitos corais defendem-se dessas radiações de comprimento de onda baixo, através da criação de um componente químico que actua como filtro. Na maioria dos corais esse componente químico manifesta-se sob a forma de um pigmento florescente. Podemos assim dizer, que as necessidades de luz da maioria dos corais depende da necessidade de luz das Zooxanthelas que vivem dentro deles. A intensidade da luz é medida por um sistema a que chamamos de temperatura de cor. A sua medição é feita segundo a escala de temperatura Kelvin (K). Os objectos incandescentes mudam de cor à medida que a sua temperatura aumenta, passando do vermelho, para o laranja, amarelo, branco, e por fim o azul. Nesta escala, 0 K correspondem a -273ºC. Naturalmente esta escala não mede a temperatura dos objectos incandescentes. Esta é apenas uma definição da cor comparando-a com a cor de um objecto escuro a essa temperatura. Uma grande parte dos corais que podemos encontrar no mercado, e pretendemos manter, apresentam crescimentos bastante elevados com as chamadas lâmpadas daylight com cerca de 6500 K, enquanto que alguns LPS´s, parecem dar-se muito bem com lâmpadas mais azuladas com 20000K. As mais populares são, sem dúvida, as lâmpadas de 10000K, pois apresentam um bom compromisso entre as duas realidades – crescimento e estética. A luz do sol nos recifes de coral é muito intensa, mas nos nossos aquários não necessitamos de toda essa intensidade, pois apenas tentamos reproduzir o ambiente que podemos encontrar na natureza entre os 5 e os 20 metros de profundidade. Então o que tudo isto quer dizer em termos da iluminação dos nossos aquários? Qual a intensidade de luz que necessitamos e quais os tipos de lâmpadas que podemos utilizar? Para responder a estas questões, é importante percebermos primeiro quais os tipos de iluminação disponíveis no mercado e o tipo de aquário que pretendemos montar. Assim, para um aquário só de peixes a iluminação suficiente será aquela que nos permitir ver os peixes que queremos manter e que os faça viver de uma forma adequada. Num aquário de recife a iluminação é, como já vimos, indispensável. Esta poderá ser administrada por 2 tipos de lâmpadas: as florescentes e as de iodetos metálicos. Dentro destas duas categorias, aparecem diversos formatos e muitas lâmpadas por onde escolher. Existem também algumas formas de iluminação que não são recomendadas para a iluminação de um aquário de recife. Dentro destas encontramos as HQL, que pelo seu espectro de menos de 5000K, são pouco aconselháveis para a maioria dos corais. Lâmpadas Florescentes As lâmpadas florescentes (T8) são usadas na iluminação de aquários de recife há muitos anos. São lâmpadas que se encontram disponíveis nos mais diversos espectros, mas limitadas em termos de potência pelo seu tamanho. No entanto, pela sua versatilidade, permitem que aquariofilistas menos experientes as possam usar em muitos aquários e para uma grande variedade de corais. Ficamos, no entanto, limitados a aquários com uma altura não superior a 50cm e a mantermos corais pouco exigentes em termos de iluminação, como por exemplo Actinodiscus, Ricordeas e uma grande parte dos LPS´s. Se usarmos bons reflectores nas lâmpadas T8, podemos obter um nível de intensidade luminosa francamente superior que, pode, em alguns casos, aumentar em cerca de 50%. As combinações mais comuns para este tipo de lâmpadas são feitas com lâmpadas daylight e actínicas, permitindo assim, um espectro alargado que vai do alto com os azuis ao baixo com os vermelhos. Mais recentemente surgiram no nosso mercado, outros dois tipos de lâmpadas florescentes: as Power Compact (PC) e as T5. Estes dois tipos de lâmpadas requerem balastros especiais e são por isso um pouco mais caras de instalar que as T8. No entanto, pelas suas características, acabam por se tornar rentáveis, não só pela sua maior duração (mantendo o espectro desejável) como pela sua maior potência, tendo em conta o seu tamanho. Se optarmos por iluminar o nosso aquário com lâmpadas florescentes, é importante que estas sejam colocadas perto da água, por forma a diminuir a perda de luz. Esta colocação vai exigir do aquariófilo uma manutenção constante das lâmpadas, pois a curta distância para a água vai provocar o acumular de sal nestas. Todos os tipos de lâmpadas florescentes são, sem dúvida, inicialmente, mais baratas de instalar que as de iodetos metálicos, mas as mudanças mais frequentes das próprias lâmpadas, bem como dos sockets queimados, faz com que se tornem mais dispendiosas a longo prazo. Lâmpadas de Iodetos Metálicos As lâmpadas de iodetos metálicos ou HQI (Halogénea de Quartzo e Iodo) podem ser encontradas em diversas potências, que vão dos 70W aos 1000W (e até mais). A sua temperatura de cor pode variar entre os 6500 e os 20000K. Para aquários com alturas superiores a 60cm, as HQI deverão fazer parte dos planos de montagem de qualquer aquariófilo mais exigente. Como é óbvio, podem ser utilizadas em aquários mais baixos e a sua potência deverá ser calculada de acordo com as necessidades dos corais a manter. É muito importante ter em conta que este tipo de iluminação, não só é mais forte que as lâmpadas florescentes, como também emana mais calor. Assim, quanto maior for a sua potência, maior será o calor emanado. Neste caso, muitos aquariófilos usam ventoínhas para baixar a temperatura de contacto com a água, mas a melhor solução é sem dúvida a aquisição de um refrigerador, garantindo assim, não só uma temperatura constante no nosso aquário durante todo o ano, como também permitindo a aproximação dos focos do nível da água. A aproximação deverá ser cuidada, de modo a garantir que não haja salpicos de água a atingir os projectores, pois estes, em alguns casos, podem provocar a quebra do vidro protector e por vezes até a destruição da própria lâmpada. Para escolhermos a potência das lâmpadas a usar, como já vimos, teremos que ter em conta a altura do aquário. Assim, para aquários com mais de 60cm, uma lâmpada de 150W por cada 50 a 60cm de comprimento é perfeitamente suficiente. Para um aquário com 70cm de altura, poderíamos já aconselhar o uso de lâmpadas de 250W e para valores acima desta altura as lâmpadas de 400W poderão estar nos planos de qualquer aquariófilo mais exigente. Também as lâmpadas de HQI poderão ser conjugadas com lâmpadas de espectro actínico. Existem muitas teorias que afirmam, que a conjugação de lâmpadas brancas e azuis, promovem o crescimento dos esqueletos dos corais duros, bem como a proliferação das Zooxanthelas simbiontes. Exemplos Práticos Apenas como referência, aqui ficam alguns exemplos de como poderíamos iluminar alguns aquários com as medidas mais comuns, tendo em conta a iluminação de um aquário de recife: 100 (comp) x 50 (alt) x 40 (larg) cm – cerca de 200 litros Neste caso pensamos que poderão ser utilizadas, em conjungação, lâmpadas florescentes T5 com 39W cada, potência que corresponde a este comprimento. Duas lâmpadas brancas e duas lâmpadas actínicas, darão um total de 146W, o que é suficiente para manter a maioria dos corais (disponíveis no nosso mercado) menos exigentes em termos de intensidade luminosa. Em alternativa, pode ser considerada a hipótese de serem utilizadas duas lâmpadas HQI de 150W conjugadas com duas T8 actínicas de 30W ou duas T5 actínicas de 39W. Com esta iluminação poderemos manter todo o tipo de corais, mesmo os mais exigentes. 150 (comp) x 60 (alt) x 50 (larg) cm – cerca de 450 litros Aqui poderemos utilizar três lâmpadas HQI de 150W ou mesmo duas de 250W (devido aos 60cm de altura), conjugadas com duas lâmpadas T5 actínicas de 54W (em alternativa pode usar-se uma conjugação de diversas PC´s actinicas) 200 (comp) x 70 (alt) x 60 (larg) cm – cerca de 840 litros Neste caso e principalmente pelo factor altura, a aquisição de lâmpadas HQI de 250W, parece-me indispensável. Assim, a conjugação de três HQI de 250W com duas ou mais lâmpadas de espectro actínico de 80W é, sem dúvida, uma boa opção (em alternativa às T5 pode usar-se uma conjugação de diversas PC´s actinicas). Em qualquer um dos exemplos acima descritos a utilização de lâmpadas PC, com espectro actínico, é uma boa escolha e deve ser discutida com o responsável da loja. Também em mini-reefs com comprimentos abaixo de 1 metro a utilização das PC para ambos os espectros é uma boa opção, pela intensidade de luz que conseguimos ter com uma ou mais lâmpadas de dimensões reduzidas. Deverá ficar claro que existem já no nosso mercado e nas diversas lojas da especialidade, inúmeras marcas de iluminação que têm já algumas calhas com conjugações de lâmpadas que podem perfeitamente servir o interesse da maioria dos aquariófilos. Como conclusão, podemos dizer que a escolha da iluminação certa para nosso aquário depende inúmeros factores. Entre eles podemos contabilizar o tipo de aquário, o seu tamanho físico, o tipo de corais que pretendemos manter e também a nossa disponibilidade financeira. É importante referir que não existem regras fixas, pelo que para o mesmo aquário, há diversas possíbilidades viáveis de iluminação.
Esgalha Publicado: Janeiro 30, 2007 Publicado: Janeiro 30, 2007 uma vez que se falou na importancia do espectro UV para as zooxanthelas e na capacidade dos corais de se defenderem desse comprimento de onda, n seria importante meter na combinação de lampadas, uma que emitisse raios UV, como aquelas que existem para os repteis?
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