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Publicado: (editado)

"Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, o volume de chuvas foi menor do que o esperado, porém, no mês de março, pelo menos 200mm de chuva foram foram registrados na capital, o que também influencia nas cheias. Em abril, é esperado, 300 mm, o que é considerado normal nesta é época, e em maio começa o período de convergência”, falou Dalla Rosa.Nesta terça-feira, a cota do Rio Negro chegou a 26,77 m. As águas estão subindo em média 6cm por dia, de acordo com o Serviço Hidrológico do Porto de Manaus."


in D24am



Boas, Nuno


Estão a começar as cheias no Rio Negro...Lá vêm as TPA's e as variações nos parâmetros.


Uma coisa que tenho andado a magicar é que o caudal do rio varia, consoante a profundidade... Também haverá parâmetros diferentes a diferentes profundidades.


Embora nas inundações, o fundo seja um pouco revolvido, creio que os parâmetros da água possam ter valores bem diferentes consoante a profundidade do rio. Ou seja, quanto mais superficial, mais destilada.


A que profundidade ficarão os "nossos" peixes, na altura das cheias? Em princípio irão procurar águas mais profundas (digo eu)...


Dada a escala tão diferente, é claro que nunca se consegue reproduzir fielmente um rio com um aquário, mas a questão da filtragem é sempre complicada.


No teu caso concreto não vejo por onde sai a água do aquário para o filtro.


Será que não faria diferença a altura a que essa entrada estivesse?


Ou seja, para tentar imitar o melhor possível esta estação das cheias, será que consegues fazer um fluxo superficial maior, deixando o fundo com um fluxo menor, por forma a não agitar muito as folhas?

Editado por capagebe

Discus,Escalares e outros amazonenses de um meu amigo DJ-vivaldi

 

"De nada serve tentar ajudar quem não se ajuda a si mesmo."

Confúcio

Publicado:

 

"Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, o volume de chuvas foi menor do que o esperado, porém, no mês de março, pelo menos 200mm de chuva foram foram registrados na capital, o que também influencia nas cheias. Em abril, é esperado, 300 mm, o que é considerado normal nesta é época, e em maio começa o período de convergência”, falou Dalla Rosa.Nesta terça-feira, a cota do Rio Negro chegou a 26,77 m. As águas estão subindo em média 6cm por dia, de acordo com o Serviço Hidrológico do Porto de Manaus."

in D24am

Boas, Nuno

Estão a começar as cheias no Rio Negro...Lá vêm as TPA's e as variações nos parâmetros.

Uma coisa que tenho andado a magicar é que o caudal do rio varia, consoante a profundidade... Também haverá parâmetros diferentes a diferentes profundidades.

Embora nas inundações, o fundo seja um pouco revolvido, creio que os parâmetros da água possam ter valores bem diferentes consoante a profundidade do rio. Ou seja, quanto mais superficial, mais destilada.

A que profundidade ficarão os "nossos" peixes, na altura das cheias? Em princípio irão procurar águas mais profundas (digo eu)...

Dada a escala tão diferente, é claro que nunca se consegue reproduzir fielmente um rio com um aquário, mas a questão da filtragem é sempre complicada.

No teu caso concreto não vejo por onde sai a água do aquário para o filtro.

Será que não faria diferença a altura a que essa entrada estivesse?

Ou seja, para tentar imitar o melhor possível esta estação das cheias, será que consegues fazer um fluxo superficial maior, deixando o fundo com um fluxo menor, por forma a não agitar muito as folhas?

 

 

Muito interessante a questão.

 

Dos textos que li, aqueles que melhor tocam nestes pontos são da autoria do Dr. Uwe Rommer que tem estudado bastante a região, descobrindo aí no complexo do Rio Negro uma boa quantidade de espécies novas para a ciência: Apistogramma mendezi, Dicrossus foirni, Tucanoichthys tucano por exemplo.

 

Ora ele fala em migrações em massa de peixes que passam a estação mais seca nos igaporés (pequenos ribeiros de floresta) e a estação de cheia nos igapós (floresta inundada). O estudo dos peixes nessa época é muito mais difícil por estarem mais dispersos e em meios muito estruturados. Os igapós são riquíssimos em alimento e a complexidade do ambiente permite que as desovas sejam muito mais produtivas. Daí a maior concentração da reprodução nessa altura e o consequente estímulo para a desova que simular essa situação em aquário tem associado.

 

Quanto à estratificação, não parece que varie muito com a estação. Um Apistogramma raramente tem o seu território a profundidades superiores a metro e meio e os que aí vivem são normalmente machos não dominantes. Com os cardinais passa-se algo parecido. Os meus lápis é que não largam a superfície onde quer que estejam. São "desenhados" para esse estrato e pronto.

 

Quanto à simulação da cheia, já tenho a salinidade abaixo de 40 ppm e o pH a 6. Ainda conto descer a salinidade mais um pouco. Subi a temperatura um grau e regulei a bomba de retorno para mais corrente.

 

O aquário tem sump e a saída do tanque principal faz-se do lado esquerdo à superfície para uma coluna seca externa. A entrada é feita por via duma spray bar que eu próprio montei com tubagem de PVC que também está à superfície. Está apontada para o vidro lateral para criar alguma turbulência e não fazer a corrente demasiado direta. As folhas aguentam o fluxo

 

Como tenho um bomba a corrente contínua, consigo regular o fluxo e neste momento está a 50% que corresponde a 1200-1500 l/h. Comparando com uma corrente típica de igarapé em tempo de cheia, que ronda 50 cm por segundo, é muito pouco. Assim de cabeça a corrente que tenho perto da superfície andará pelos 13 metros por hora o que corresponde a uns residuais 4 cm por segundo. Mesmo com a bomba no máximo dá-me 8 cm por segundo o que é um sexto do valor de referência na natureza.

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  • 1 mês depois...
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Após uma poda gigante o aquário parece ter ganho uma nova vida. Estava carregado de Limnobium e as respetivas raízes chegavam a ter 60 centímetros.

 

Os comportamentos estão agora mais fáceis de observar e nem por isso deixaram de ser interessantes.

 

Acho que o tanque continua a parecer um pedaço dum pequeno ribeiro de floresta.

 

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Bem...

 

Tudo se conjuga para que venham a entrar uns Dicrossus filamentosus em breve. Finalmente arranjei um fornecedor.

 

Entretanto o tanque já tem a água com TDS de 24 ppm e o pH em redor de 6.

 

Ainda pode ir mais abaixo mas não me parece necessário.

 

Todos os dias deito uma carrada de Daphnia lá para dentro que os peixes vão comendo nas horas seguintes. Elas escondem-se nas folhas o que dá direito a caçadas, emboscadas, ataques competitivos, etc... Algumas procuram a superfície junto aos galhos, troncos e plantas flutuantes onde são apanhadas pelos Nannostomus eques.

 

Mais uma vez procuro estimular com as Daphnia, o comportamento mais natural. Os peixes na natureza não têm o conceito de "refeição". É caçar e comer mais ou menos em contínuo e sempre em pequenas quantidades.

 

Infelizmente a densidade nutricional das Daphnia não é das melhores. Vou ver se arranjo spirulina. Carregadinhas dela, tornam-se num alimento completamente diferente, para melhor, claro.

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Dr Nuno mal pode esperar que esse dia chegue, pelo que já vi são uns belos exemplares que ai chegam. para fazer jus do aquário em questão.

Publicado: (editado)

Pois os Dicrossus estavam esgotados.

 

Em vez deles veio um belíssimo trio de Apistogramma cf. pertensis.

 

Chegaram em excelentes condições. A água deles estava a um pH de 6,5 mas a dureza marcava 487 ppm. O meu aquário presentemente tem o pH a 6,2 e a dureza nos 27 ppm.

 

Os peixes de pequenos cursos de água toleram muito melhor serem mudados para águas mais brandas do que o contrário como resultado da adaptação natural que têm às chuvadas intensas que podem ocorrer. Ainda assim, demorei cerca de uma hora a ambientá-los.

 

A introdução no aquário não podia ter corrido melhor.

 

Adoptaram logo o leito de folhas como base e começaram de imediato a explorar o ambiente. Passados minutos já comiam daphnias e, depois da refeição, ocuparam-se a comer detritos que encontravam sobre as folhas e troncos.

 

Um dia passado e a ambientação ainda se tornou mais evidente com cada uma das fêmeas a estabelecer um território e o macho a ficar restrito a um local sobre um tronco donde pouco se afasta.

 

A impressão que tenho é que neste habitat poderia colocar à vontade 10 ou 15 peixes, machos incluídos, que a agressividade intra-específica seria diminuta tal é a capacidade do leito de folhas para definir territórios naturais.

 

Um episódio digno de nota observado há pouco,

 

Os meus Nannostomus eques desovam frequentemente. Pelas suas características fazem-no junto à superfície ou no vidro de fundo, ou nas raízes das plantas flutuantes ou nos muitos troncos e galhos que este aquascaping lhes proporciona.

 

Tipicamente um ou outro cardinal vai atrás dos Nannostmus a ver se come qualquer coisa. Desta vez foi o macho de Apisto que, aprveitando a segurança dada por um grande tronco que sobe até à superfície, foi tranquilamente comer os ovos dos peixes lápis apesar deles tentarem fazer a desova num local bastante complexo com múltiplos galhos e plantas flutuantes.

 

Editado por Nuno Prazeres
Publicado:

Obrigado!

 

É desconcertante a forma como eles usam as folhas. Entram num buraquito e depois desaparecem por minutos surgindo na outra ponta do aquário.

 

Se por acaso lhes apetecer desovar, é certinho que não vai dar para ver nada. Mas prefiro assim...

Publicado: (editado)

Atualização.

 

O meu trio de apistogramma cf. pertensis está a surpreender-me cada vez mais. Hoje andavam em cardume a bicar nas folhas do fundo embora se notasse uma certa tensão entre as duas fêmeas.

 

Quanto à alimentação, comem daphnias à bruta e não tocam nem em artemia congelada nem em bloodworm. Agora estão incrivelmente gordos.

 

Porquê? Porque passam o dia a comer (ou filtrar) os detritos e algas acumulados nas folhas e troncos.

 

Esta massa semi-orgânica se devidamente nutrida é riquíssima em termos tróficos havendo múltiplas espécies de peixes que fazem dela o seu alimento número um.

 

Os biólogos alemães deram-lhe um nome que tem vindo a ser adotado internacionalmente: aufwuchs

 

Posso estar enganado mas creio que o facto de ter deixado o meu sistema maturar sem peixes utilizando folhas diretamente da floresta criou uma tal conncentração de micro-fauna e flora que, dada a relação entre o volume e a quantidade de peixes, parece poder sustentar uma família de apistos sem muita alimentação complementar.

 

Se também poderá ajudar na procriação só o futuro dirá.

 

Duas notas interessantes:

 

  • o meu aufwuchs doméstico, quando observado com uma simples lupa, revela uma multiplicidade de micro-seres como vermes, ostracodes, cyclops e muitos outros que não consigo identificar.

 

  • os apistogramma fazem parte dum ramo dos ciclídeos muito próximo dos geophagus e afins pelo que estão particularmente bem adaptados a filtras substrato para se alimentarem.
Editado por Nuno Prazeres
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Publicado:

Este tópico é uma autêntica enciclopédia...a cada post que coloca aprendo uma coisa nova. Hoje foi "aufwuchs"

 

É um deleite acompanhar este tópico. Não só pelo conhecimento que transmite mas também pelas belíssimas imagens/vídeos que nos proporciona! :cool2:::D:

 

Obrigada Nuno por me ensinar tanto! :wink2:

Publicado:

Nuno so vem aqui fazer inveja. Tambem quero. quanto as folhas não podia concordar mais no Biotopo Meta dava por mim a procurar os hongsloi cheguei mesmo a cutucar muitas vezes para ver se tinha algum ser vivo no aquário já que aquilo era tudo deles.

 

Hoje sem as folhas passam a vida em zonas escuras e pouco exploram o aquário na minha presença.

 

muito boas notícias me trazes qualquer dia vou aí buscar uns lápis se essas desovas safarem desses meninos malandros.

 

Quanto as daphinas epa é muita inveja mas também quero hahaha, as de me explicar como as manter e vou buscar aí uma cultura de arranque.

 

quanto aos parâmetros sempre safaste BA descida do ph upa upa.

 

abraço

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Este tópico é uma autêntica enciclopédia...a cada post que coloca aprendo uma coisa nova. Hoje foi "aufwuchs"

 

É um deleite acompanhar este tópico. Não só pelo conhecimento que transmite mas também pelas belíssimas imagens/vídeos que nos proporciona! :cool2:icon_

 

Obrigada Nuno por me ensinar tanto! :wink2:

 

Confesso-me envergonhado. Nem sei bem o que dizer além de muito obrigado pelo gentil cumprimento. Aprendi tanto neste forum, que o mínimo que posso tentar fazer é, sempre que me deparo com alguma coisa digna de partilha, vir aqui expô-la.

 

Nuno so vem aqui fazer inveja. Tambem quero. quanto as folhas não podia concordar mais no Biotopo Meta dava por mim a procurar os hongsloi cheguei mesmo a cutucar muitas vezes para ver se tinha algum ser vivo no aquário já que aquilo era tudo deles.

 

Hoje sem as folhas passam a vida em zonas escuras e pouco exploram o aquário na minha presença.

 

muito boas notícias me trazes qualquer dia vou aí buscar uns lápis se essas desovas safarem desses meninos malandros.

 

Quanto as daphinas epa é muita inveja mas também quero hahaha, as de me explicar como as manter e vou buscar aí uma cultura de arranque.

 

quanto aos parâmetros sempre safaste BA descida do ph upa upa.

 

abraço

 

Epá Yuni. Não... :)

 

Eu não quero invejas. Aliás o meu tanque é feioso com folhas mortas, troncos tortos mal arrumados e muita alga e detrito. Acho que os únicos que gostam realmente daquilo são os peixes que lá vivem. :naughty:

 

Agora tenho visto muito vídeo de youtube de imagens subaquáticas na natureza e os meus peixes comportam-se de forma muito semelhante, coisa que só acontecia parcialmente nos anteriores aquários que tive.

 

Quanto ao aufwuchs, continua a ser consumido à bruta pelos apistos que andam sempre a passá-lo pelas brânquias.

 

Pensa-se que estas funcionam um pouco como as barbas das baleias porque permitem uma filtragem seletiva retendo alimento.

 

Estando o auchwuchs carregado de micro-vida, se essa tal capacidade de reter alimento existe mesmo, justifica-se perfeitamente que o raça dos meus apistos não queira nada com comida congelada.

 

Mas é assunto que não me preocupa. Desde que entraram no aquário, engordaram a olhos vistos.

 

Este é o macho...

 

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Ou eu me engano muito ou a fêmea apisto dominante já desovou. Faz agora uma semana exata que entrou no aquário e há dois dias que não lhe punha a vista em cima.

 

Hoje saiu debaixo dumas folhas para comer daphnias e cheia de pressa regressou logo para lá. Voltou a fazer a mesma coisa duas vezes e não mais a vi.

 

O comportamento leva de facto a supor que desovou pese embora a cor dela esteja relativamente escura, algo que não estaria à espera, Aliás a fêmea mais fraca está bem mais amarela.

Publicado:

Desenvolvimentos:

 

Aparentemente as crias já terão nascido porque a dita fêmea mudou de local o que indicia que poderá ter transportado as crias na boca tal como fazem muitos ciclídeos.

 

Ela tem contudo alguns comportamentos intrigantes nomeadamente não demonstra qualquer agressividade perante os cardinais contrariamente ao macho que despacha pancada a torto e a direito neles quando eles se aproximam da zona onde andam as fêmeas.

 

Por falar em fêmeas, a que terá a postura está isso sim ultra-agressiva para a outra e assim que a vê, mesmo que ela esteja no outro lado do aquário, persegue-a implacavelmente. Contudo deixa os cardinais em paz,

 

O macho também era agressivo com ela mas hoje vi-o a exibir-se e ou eu me engano muito ou esta também vai desovar brevemente se é que não o fez já.

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Epah isso é maravilhoso, é disso que se espera de um ambiente como o teu, água de boa qualidade, parâmetros estáveis e apropriados e sem falar da boa alimentação. não seria de estranhar que até os lápis já andam para aí a desovar à maluca, só falta mesmo os cardinais darem assus a sua graça.

 

muitos parabéns pelo feito

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Parabéns Nuno, mais uma vez estás a conseguir um aquário espetacular.

Devias começar a considerar o proximo passo: arranjar uma estufa onde possas recriar uma coisa dessas mas numa escala mais engraçada. Penso que com um lago com uns 10.000 ou 20.000 litros ias conseguir coisas fascinantes.

Imagina no dinheiro que ias poupar com luz e aquecimento solar. Era só vantagens! :)

Tira mais umas fotografias ao geral, acho fascinante ver o realismo do teu aquário.

Obrigado pela partilha!

rui

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