Miguel Figueiredo Publicado Dezembro 26, 2013 Publicado Dezembro 26, 2013 Um aquascaper entusiasta passa o tempo a montar aquários, a levá-los ao ponto que considera ideal para depois, inevitavelmente, os desmontar, de forma a partir para novas paisagens. Penso que muitos dos aquascapers sentem a mesma compulsão para criar layouts que um pintor sente para pintar... o problema é que as telas e as tintas, embora com um custo não trivial, ainda assim não se aproximam do preço, espaço e esforço de manutenção de um aquário. Portanto, para voltar a criar uma nova paisagem é necessário desfazer e voltar a fazer e assim sucessivamente, ao longo de anos e anos. Na pintura podemos acumular telas às dezenas mas em aquários apenas é possivel manter alguns. A única forma de preservar as obras de arte é através das imagens, de quando o aquário estava naquele momento mágico, em que (quase) tudo estava perfeito. Porém, as imagens são limitadas, é como se a única coisa que tivessemos da Gioconda fosse uma foto antiga... e a preto e branco. Isto é particularmente dramático quando, neste caso, a arte consiste uma paisagem 4D, feita de relevo e de coisas vivas, que evoluiem. Do lado positivo, de montagem para montagem, existe normalmente uma evolução e aprendizagem, o autor passa a expressar-se melhor, a imaginar melhor e a conseguir materializar melhor o que imaginou. Finalmente, a um nível muito avançado, competições como concursos de aquascaping tornam-se irrelevantes, porque a arte... a arte é pessoal. Quem ganharia um concurso de pintura? O Picasso? O Van Gogh? O Rembrandt? Eu pessoalmente perfiro Van Gogh mas haverá inúmeras pessoas a preferirem outros pintores e não estão erradas. A arte vale pelo que nos faz sentir e ninguém sente de forma exatamente igual. É uma pena que algumas das obras espantosas em aquascaping que temos o privilégio de observar não possam ser, de alguma forma, melhor preservadas para gerações futuras. Frequentemente, o aquascaping e a arte da fotografar aquários confundem-se porque aquilo que fica são precisamente as fotos. O aquascaping é efémero, um pouco como as construções na areia ou as esculturas no gelo. Mas não tem que ser sempre assim. Talvez a revolução tecnológia venha a ajudar algumas destas expressões artisticas (suspeito que, por exemplo, Monet era bem capaz de preferir a água à tela) conseguindo-se então melhores formas de preservar estas obras. Quem sabe, via ultra-sofisticados scannings 3D, criando-se quadros "vivos" observáveis de diferentes ângulos... ... isto se entretanto não aparecerem outras formas de expressão artística ainda mais espantosas Miguel 2 Citar
Miguel Reis Publicado: Dezembro 27, 2013 Publicado: Dezembro 27, 2013 Bravo, bravo, Bravo! Mais um excelente texto, Miguel. Abraço Citar
Visitante Publicado: Dezembro 28, 2013 Publicado: Dezembro 28, 2013 Gostei Enviado do meu GT-I9100 através de Tapatalk Citar
Vasco Matos Publicado: Dezembro 30, 2013 Publicado: Dezembro 30, 2013 Estou em querer que no futuro, com o avanço inevitável da tecnologia, a aquariofilia entrará em níveis de sofisticação que hoje nem imaginamos nos nossos sonhos mais loucos. Talvez o vidro deixará de ser necessário, sendo substituído por feixes magnéticos, de forma a deixar a água a pairar, dentro de um rectângulo invisível, no ar. Talvez a nanotecnologia entre em cena e pequenas máquinas façam o trabalho das bactérias, limpando algas e deixando o aquário livre de dispositivos, ficando apenas a contemplação. Ou talvez possamos fazer o upload em 4D de um layout para a nossa sala, de um aquapaisagista famoso no futuro... Citar Zog Li ''As coisas difíceis levam algum tempo a fazer. As impossíveis levam mais um bocado'' http://almadagua.blogspot.com/
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