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Caros amigos,

 

No seguimento de uma resposta que acabo de dar a uma mensagem enviada por um de vós aqui no fórum, tornou-se claro que era meu dever partilhar convosco a mensagem que enviei para a PGA magazine ou [Cyprinodontiformes] ( http://viviparos.com/cgi-bin/mailman/listi...rinodontiformes ), na passada quarta-feira.

Penso que contém informações extremamente importantes para todos, pelo que não seria justo deixá-la apenas acessível aos escassos utilizadores da supra referida lista.

 

Hoje partilho convosco os resultados da prospecção ao lago este fim-de-semana.

Parece que temos excelentes espécies resistentes ao nosso clima e algumas surpresas.

Partilho a opinião do Paulo Alves, segundo a qual as espécies que resistirem ao Inverno 2008/2009 terão seguramente sobrevivência garantida em qualquer outro ano.

Dessa forma procedi a um levantamento exaustivo das espécies que conseguiram ultrapassar com sucesso as invulgarmente baixas temperaturas registadas em Janeiro deste ano.

A operação teve lugar esta Segunda-feira, dia 23 de Fevereiro, consistindo no esvaziamento total do lago e posterior reenchimento.

A temperatura do ar entre as 0:00 e as 24:00 desse dia variou entre a mínima de 7ºC e a máxima de 19ºC e entre 14ºC ( 6:00 ) e 15ºC ( 18:00 ) na água do lago.

Nas fotografias anexas ( espero eu que as recebam através desta mensagem, embora não fiquem disponíveis depois no arquivo da lista ), podem testemunhar algumas das espécies que foram capturadas.

A lista total de sobreviventes registados no final da captura foi a seguinte :

 

Carassius auratus ( introdução acidental no ano passado e erradicado totalmente )

Cyprinus carpio ( Koy )

Cyprinodon alvarezi ( El Potosi )

Heterandria formosa

Oryzias latipes

Skiffia multipunctata

Xenotoca eiseni

 

Não foram encontrados exemplares das seguintes espécies introduzidos antes do Inverno :

 

Ameca splendens

Aphanius mento ( Elbistan )

Fundulus cingulatus

 

Conclusões :

 

Foi uma grande surpresa não ter encontrado nem exemplares de Aphanius mento nem de Fundulus cingulatus, pois são tidos como resistentes ao frio.

Os Fundulus cingulatus eram mesmo descendentes da linhagem criada pelo Alberto Gil, os quais estão habituadíssimos ao Inverno em pequenos lagos numa zona seguramente mais fria ( Torres Vedras ).

Teriam sido vítimas de predação por serem muito jovens ?

Nesse caso também teriam desaparecido todos os exemplares de Heterandria formosa, os quais consituíram sem dúvida a mais inesperada boa notícia, já que embora encontrados em reduzido número ( 23 exemplares ), nem faziam parte da memória de espécies existentes no lago, como podem comprovar com a lista publicada na mensagem enviada no dia 26 de Janeiro com o assunto “ Recorde de temperatura mínima no lago “.

Constituiu uma surpresa moderada ter encontrado apenas exemplares jovens e crias de Xenotoca eiseni, pois todos os adultos ( especialmente os maiores ) morreram.

Sendo a Xenotoca eiseni uma espécie em teoria menos resistente às baixas temperaturas do que a Ameca splendens, foi um choque ter perdido as escassas centenas de exemplares desta última espécie, devido o frio deste Inverno, depois de terem sobrevivido sem vítimas no ano passado, por exemplo.

Note-se que o nosso conhecido colega Martin R. Tversted, no artigo de sua autoria - “ Low Temperatures and Cyprinodonts “ - defende que ambas as espécies possuem uma resistência idêntica ( 10ºC ), contudo as Xenotoca eiseni este ano sobreviveram durante 5 dias abaixo dos 8ºC, tendo mesmo resistido ao recorde de temperatura mínima registada de 5,4 ºC, como se pode ver mais abaixo.

Ainda usando como referência o artigo anteriormente mencionado do nosso colega Dinamarquês, vejam por exemplo o caso da espécie Skiffia multipunctata, referenciada no mesmo como podendo resistir até a um mínimo de 7ºC.

O exemplar encontrado de novo, trata-se de uma fêmea já nascida nos meus aquários, a qual, além de ter passado os 3 últimos Invernos no exterior, desta vez superou todas as expectativas.

Outra curiosidade a destacar é que este peixinho escapou da captura dos exemplares da sua espécie que mantinha quando, infelizmente, tive que me desfazer dos aquários mantidos em Lisboa, indo perfazer em Abril de 2009 os

4 anos de idade.

Sem dúvida uma espécie a eleger para o povoamento deste lago no futuro.

Nesta operação foram retirados todos os exemplares de Carassius auratus a fim de facilitar a reprodução das espécies depositadoras de ovos.

A título de curiosidade é de salientar a grande quantidade de camarões “ Red Cherry “ ( Neocaridina denticulata sinensis ), incluindo fêmeas já com com ovos maduros e muitas crias.

Para além de muitos invertebrados não identificados foi descoberto um girino de Rã-verde ou Rã-comum ( Rana perezi ), sem dúvida remanescente da época passada, dado o seu estádio de desenvolvimento e a inexistência de ovos ou de outros girinos.

Outro batráquio presente ( apenas 2 exemplares ) foi a Rã Pintada Ibérica ou Discoglosso Ibérico ( Discoglossus galganoi ).

Da flora introduzida no lago desapareceu pela primeira vez este ano o chamado Musgo de Java ( Vesicularia dubyana ? ou Taxiphyllum barbieri ? ), aqui referido desta forma por se tratar na realidade de outra espécie não identificada; provavelmente o musgo proveniente da Formosa ( Taxiphyllum alternans ), dado ser muito resistente ao frio letal para o Vesicularia dubyana que se faz sentir no nosso Inverno.

Todas as restantes plantes resistiram perfeitamente às incrivelmente baixas temperaturas, sendo a flora actual composta pelas seguintes espécies :

 

Elodea canadensis

Egeria densa

Lagarosiphon major

Myriophyllum spicatum

Potamogeton nudosus

Potamogeton pectinatus

 

Para terminar transcrevo de seguida algumas passagens importantes da minha mensagem enviada sobre os rigores deste Inverno no passado dia 26 de Janeiro

:

 

Embora tenha cessado a série de aferições diárias; em dias excepcionalmente frios ( ou quentes ) continuo a anotar as temperaturas para futura referência.

Os dados apurados à superfície da água ( 15 cm de profundidade ) no lago, neste início do ano foram os seguintes :

 

05-01-2009 > 12,3ºC

06-01-2009 > 10,1ºC

07-01-2009 > 9,6ºC

08-01-2009 > 9,2ºC

09-01-2009 > 7,2ºC ( dia mais frio -1,6ºC / 5,2ºC )

10-01-2009 > 7,1ºC

11-01-2009 > 6,4ºC

12-01-2009 > 5,2ºC

13-01-2009 > 6,7ºC

14-01-2009 > 8,3ºC

15-01-2009 > 10,2ºC

 

Se observarem bem os meus registos expressos na página http://www.viviparos.com/Biologia/Lago.htm, nomeadamente na parte relativa aos resultados anuais ( com todos os dados obtidos e gráficos descriminados por ano ), estas temporadas de frio intenso não são muito frequentes.

Há dois anos em particular, nos quais destaco situações de frio intenso no período compreendido entre 1985 e 2006.

Atentem em particular ao mês de Janeiro de 2005 e ao de 1992.

A novidade neste início de 2009 foi o facto de ter sido batido o recorde anterior da mínima absoluta ( 5,5ºC ) e da súbita descida não ter acompanhado de perto as temperaturas do ar, dado que o dia mais frio do período estudado foi o dia 9 de Janeiro e não o dia 12 de Janeiro.

A explicação mais óbvia para esse contra censo é o facto de a amplitude térmica ter sido muito curta, tendo-se mantido as temperaturas máximas do ar muito baixas.

Seja como for, fica para a memória futura o mês de Novembro mais frio desde

1985 e um gélido início de Janeiro de 2009 com o recorde absoluto da mínima.

Editado por Cyprinodon

Com as minhas melhores saudações

 

Miguel Andrade

 

http://www.viviparos.com

  • 2 semanas depois...
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ola

 

onde é que posso encontrar Heterandria formosa e Skiffia multipunctata??

Editado por mario carvalho
Publicado: (editado)
ola

 

onde é que posso encontrar Heterandria formosa e Skiffia multipunctata??

 

 

Olá Mário,

 

Em Portugal, a espécie Heterandria formosa pode ser adquirida através dos colegas que a criam e através da única loja que, a meu pedido importou por duas vezes este interessante peixinho.

Esta loja situa-se em Lisboa mas temo não poder divulgar o nome da mesma por aqui.

Se fores ao meu sítio na Internet verás que é a única loja que consta nas ligações.

Eu próprio já distribuí a espécie por vários colegas no passado, sendo que pelo menos um deles tem uma quantidade que talvez lhe permita arranjar-te alguns exemplares.

A espécie Skiffia multipunctata deve estar neste momento extinta no nosso país, pois coloquei na lista existente no meu sítio um apelo em Fevereiro, o qual ainda não teve resposta.

Vamos dar tempo ao tempo.

De toda a forma em breve poderá ser possível voltarmos a receber alguns exemplares do estrangeiro.

se for necessário escreve-me via cyprinodon[at]clix.pt.

Editado por Cyprinodon

Com as minhas melhores saudações

 

Miguel Andrade

 

http://www.viviparos.com

  • 3 semanas depois...