Miguel Figueiredo

Eu diria que a pergunta começa ainda antes: Que grupos de ciclideos do Malawi misturar e que grupos de ciclideos do Tanganyika misturar. Posto isto, o ideal será não misturares mas, num grande aquário dedicado a um dos lagos, se tiveres uma ou duas especies de outro lago, não será por isso que virá mal ao mundo. É habitual, por exemplo, que num aquário dedicado a Malawis, se incluia uma ou duas especies do Victoria. Eu cheguei a manter Julichromis (Tanganiyka) em aquários do Malawi. Não existe nada remotamente semelhante a este nicho no Malawi, não há portanto lutas ou competição. Alguns predadores, podem olhar para os pequenos peixes com interesse, mas os Julias são demasiado espertos para se deixarem comer. Porém, cada vez que via os julias no aquario, achava que alguma coisa destoava... acabei por os retirar. O aquário, com misturas deste tipo, a não ser que sejam muito discretas, fica estranho e já não será propriamente um aquário de biotipo. A ideia é aproximares o aquário, na escolha de especies, do lago que pretendes representar. Se depois gostares especialmente duma espécie de um outro lago, ou mesmo de rio, como os Hemichromis, se esta especie não destoar demasiado então, com bom senso, podes experimentar misturá-las. Se isso depois ferir o teu sentido estético ou se os peixes se derem mail, poderás retirá-los. Muitos dos ciclideos africanos de rio, podem adaptar-se, com facilidade, a qualquer dos lagos. Entre lagos, os victorias destoam pouco nos aquários do Malawi mas acho que, por exemplo, não seria de muito bom gosto colocar frontosas num aquário do Malawi ou mbunas num aquário do Tanganyika. Aqui há algum tempo atrás tinha um grupo de protomelas juvenis em crecimento e o unico sitio que arranbjei para as manter foi o aquário do Tanganyika. Os peixes deram-se bem. Miguel

Curiosidade? Não há curiosidade nenhuma. Hibridos do Malawi há muitos milhares por esse mundo fora. Faz uma pesquisa no google por "hybrids african cichlids" e encontras dezenas de milhar de paginas. De facto, os hibridos, em particular do Malawi, são um flagrante exemplo de incompreensão por este biotipo e da incapacidade do aquariofilista em adequar as condições de manutenção aos requisitos dos peixes. Evitar os hibridos é relativamente fácil e resume-se a: espaço, disponibilidade de elementos da mesma especie e não juntar especies aparentadas que não sejam provenientes do mesmo local do lago. Muito simples, não precisamos de andar a criar peixes frankenstein. E se os acidentes acontecerem a pior coisa que podemos fazer será preservar os peixes artificais e espalhá-los, perpectuando o erro. É que ainda por cima a maior parte dos hibridos de ciclideos do Malawi são ferteis e muitos até são visualmente atraentes. Se não combatermos os hibridos estaremos a contrituir para tornar a manutenção destas especies numa infeliz mixordia. Miguel

Os suportes na parede parecem frágeis. Será que aguentam com o peso do aquário? São mais de 50 quilos... Miguel

Isso é interessante. Reproduzir a pôr ovos ou reproduzir a criar alevins? Abraço, Miguel

Bom, nos salgados a despesa seria bastante maior não só no aquário, embora alguns dos invertebrados sejam mais caros que um discus, para não falar nos peixes -- mas principalmente nas consequencias: a agua salgada é a pior coisa que existe para destruir moveis, carpetes, electrodomesticos, etc. Um aquário de água salgada é muito mais sensivel. Basta vir uma onde de calor, se a água passar dos 28 e morrem-te uma quantidade de invertebrados. Os discus, pelo contrário, iriam adorar o calorzinho. Na verdade, azares nos salgados, com tudo morto, são muito mais comuns que nos discus. O pessoal que eu conheço, com sucesso a longo prazo com reef (digamos que pelo menos 10 anos) é altamente dedicado e muitos deles passam a vida preocupados: "Será que o meu nivel de calcio está baixo? E o estròncio? Ai, ai ai, ainda outro dia tive problemas com o coral cerebro... tenho que ver o estroncio! E aquela mancha escura que me apareceu outro dia do lado esquerdo? Só espero que não sejam diactomacias - bom, tudo menos cianobacterias!!! Qual é a temperatura para a amanhã? Será que vai fazer calor? O chiller anda com problemas, tenho que comprar um novo... ah, e preciso de mover a Pachyclavularia para evitar me dê cabo do Siderastrea. Tenho é que lavar muito bem as mãos para as poder meter no aquário... hum, mas depois de as lavar ainda tenho que as passar por água RO... sei lá o que esses tipos metem na água da torneira!" É muito divertido. Quando finalmente vences as preocupações e consegues adormecer houves um estrondo a meio da noite no aquário! PUM! É um mantis (camarão-pistola) que veio escondido na rocha viva! O mantis pode matar os peixes do aquário só com a força do som. Alias, por vezes, até consegue partir os vidros do próprio aquário. Está claro que, durante 3 semanas, não vais dormir até conseguires apanhar o mantis. Nas muitas tentativas irás remexer a aragonite do fundo e serás tocado por um verme de fogo. Passarás mais alguns dias com a mão inchada. Finalmente conseguiste apanhar o mantis e sentas-te, cansado, em frente do aquário, com a mão ao peito. E então que vês? Uma Aiptasia! E, quando olhas com atenção.... vês outra e outra e outra! Tens essas anémonas parasitas por todo o lado! Vais a correr buscar uma seringa e água quente, com a mão livre começas a injectar as Aiptasias! É então que tocas num Millepora e desatas aos pulos e aos gritos! Com as duas mãos inutilizadas não podes continuar a caça às Aiptasias.... convences então a mulher a dias a empunhar a seringa e a fazer o trabalho... mas a mulher a dias tinha as mãos sujas por ter estado a limpar o forno com forza... no dia seguinte está tudo morto e tu és preso por teres tentado agredir a mulher a dias Acredita, se te queres afastar de azares, não vais querer água salgada. Há inumeras opções interessantes e menos muito preocupantes na aquariofilia. Miguel

Como disseste, o peixe de água fria poderá levar doenças aos peixes do teu aquário (e não é de excluir o vice-versa...). Tudo depende dos peixes que tiveres e se vale a pena o risco. Podes manter durante semanas um peixe vermelho num balde de 10 litros, mudando-lhe 50% da água de 3 em 3 dias. Miguel

Tenho ouvido ambas as versões, estou curioso em saber sobre estudos e experiencias que possam existir. Normalmente em aquacultura estes assuntos costumam ser "a doer" e a tendencia geral é para o uso de sal - dá por exemplo uma vista de olhos a http://www.ca.uky.edu/wkrec/SaltStressCatfish.htm A minha experiencia indica-me que a adição de sal é excelente na adaptação dos peixes recém-chegados mas posso estar simplesmente a ser sugestionado (e também dependerá do tipo de especies com que se lida, claro). Daí que a utilidade em conhecer que estudos sérios existem e a que conclusões chegaram. Miguel

Face ao exposto a minha questão é: No caso dos peixes de água doce, até que ponto adicionar sal à água, não irá reduzir o esforço da regulação osmótica sobre o organismo do peixe e permitr uma mais facil adaptação a situações de stress, motivadas pelo transporte ou por doença? Haverá estudos e experiencias realizadas nesta área? Miguel

Ana, Onde ouviste tu indicar como causas para a "diminuição da população é o hobbie da aquariofilia"? Isso é novo para mim. Atenção que ciclideos não são peixes de reef, em água doce, esse é um problema quase inexistente, embora em algumas áreas pontuais do amazonas possa haver demasiada colecta, em particular com especies muito especificas, como os loricarideos. Nos lagos africanos, os ciclideos são uma das principais fontes de proteinas das populações - aí todos os anos são apanhadas para alimentação centenas de milhares de toneladas de ciclideos. O que é apanhado para ser mantido em aquário é uma simples gota de água no oceano. De facto, a colecta destes peixes é um grande incentivo à sua preservação - porque os tornam conhecidos das pessoas. Quem é que quer viver num mundo sem Frontosas no estado selvagem? Se não conheceres os Frontosa estás-te nas tintas. Infelizmente estas regiões extraordinariamente ricas em bioversidade são também muitissimo sensiveis - não à colecta para cativeiro mas à poluição e à introdução de especies exóticas. No Lago Victoria foram extintas centenas de especies de ciclideos graças a estes dois factores. Leste bem, não foram uma, nem duas, nem sequer uma duzia. Foram CENTENAS de especies de ciclideos extintas. Basta que a pressão populacional aumente mais um pouco, para que as fábricas, os esgotos e os fertilizantes agriculas estoirem, nas margens do Tanganiyka ou do Malawi, destruindo os peixes. Basta alguém, por ignorancia ou estupidez, achar que deve introduzir novas espécies para "aumentar o volume de pesca"... e adeus. Não gosto de ser pessimista mas Malawi e Tanganiyka são biotipos de tal maneira expostos que tenho receio de estarmos a poucas decadas de vivermos num mundo em que já não existam mesmo muitos dos ciclideos que conhecemos. A manutenção em aquário é simplesmente um triste e incerto destino para estes peixes. Mas, quem sabe, talvez essa manutenção se possa tornar numa Arca de Nóe, se as coisas, por milagre, mudarem e possamos recuperar regiões destruidas. Se isso acontecer então a cuidadosa preservação da biodiversidade e de populações rigorosamente identificadas em cativeiro será um contributo para um futuro em que voltemos a ter estes peixes tal como são .... ou como eram. Miguel

Inacreditável! Neste país trava-se tudo aquilo que é realmente realmente progressista. Acho que deveria haver uma lei para punir com prisão os burocratas que sistematicamente impedem a realização de projectos inovadores. De onde é que essa gigantesca multidão de PALERMAS apareceu? Deve ser uma epidemia relativamente recente. Se tivessemos tido tantos empata-f... no Século XVI ainda nem teriamos descoberto as Berlengas. Miguel

Já tenho visto mbunas em pHs de 7 sem problemas e mbunas em aquários a que são adicionados sais com muitos problemas... De qualquer modo, podes misturar o seguinte: - 1 colher sopa rasa de sal (para aquários de água salgada) para cada 20 litros de água do aquário - uma colher de sopa rasa de bicarbonato de sódio (compra-se nos hipermercados ou nas farmácias) para cada 100 litros. Distribui a mistura por três garrafões com água e deixa diluir bem. Despeja no aquário um desses garrafões por dia (perfazendo 3 dias). Só deves medir o pH no quarto dia porque o Bicarbonato demora algum tempo a actuar sobre o pH. Terás então um pH mais alto, talvez até acima de 7.5. Usa a mistura referida cada vez que mudares a água, na proporção da quantidade de água mudada. Tem sobretudo presente que os mbuna podem perfeitamente viver e reproduzir-se em pHs de 7. Talvez, a longo prazo, esse pH relativamente baixo possa vir a ter efeitos nefastos sobre a saude dos peixes... ou talvez não. Muito mais importante que alterares o pH será garantires uma boa filtragem e mudanças de água regulares. Miguel

Todas as especies de ciclideos do Lago Malawi são incubadoras bocais... excepto uma, a Tilapia rendalli. Porém é um peixe que pode atingir os 45 cm... possivelmente não é o ideal para o teu aquário. O que te recomendo para observares o espectaculo sempre interessante de um casal com uma nuvem de alevins serão outros africanos, embora não do Malawi - por exemplo, os Joia, que além de proliferos vão trazer a cor vermelha ao aquário, um tom raro em Malawis. Se achares que os joia são demasiado comuns tens, por exemplo, os ciclideos de Madagascar, muitos deles podem coexistir sem problemas numa comunidade de Malawis. Miguel

Bom, as crias estão com bom aspecto, por isso eu diria que fizeste bem, embora os Cyprichromis tenham a boca pequena e nem sempre é facil fazer-lhes o parto. Dá-lhes artemia recem-eclodida ou "sumo de flocos": esmaga comida seca entre os dedos coloca-a dentro de uma seringa com um pouco de água do aquário - agita muito bem e dá esse "sumo" aos alevins: o liquido alenas, evita dar os pedaços não diluidos de comida. Miguel

Bom, com o calor de anda provavelmente nem terás que subir a temperatura... De qualquer modo 27-28 C será a temperatura ideal para estimulares a reprodução. Mas deve ser algo de pontual, algumas semanas por ano. Se os mantiveres sistematicamente a temperaturas altas os peixes irão ter uma longevidade reduzida. Eu por mim aqueço o minimo possivel os aquários, de inverno mantenho-os a 18-20 C, de verão... é conforme o tempo. Agora finalmente começo a ter temperaturas acima de 25 C e os peixes estão a reproduzir-se. Miguel

Penso que o risco será médio: nunca vi namoros entre estas especies, irão hibridizar apenas se existirem factores de risco: pouco espaço ou ausencia de pelo menos um macho dominante em cada uma das espécies. Miguel

Tomás, Os meus PARABENS! A revista está fora de série! Muito bom! Acho que foi uma das melhores revistas que já vi online. 5 Estrelas! * * * * * Miguel

Pato, Penso que vai ficar muto giro, mas como como pensas fixar as rochas de esferovite essa posição? Eu continuaria com as rochas até ao fim do lado direito. É que quem olha irá ver rochas... e depois subitamente uma parede lisa. Acho que deveria ter simplesmente rochas de um lado ou outro. Concordo que as rochas são muito melhores para dar profundidade que uma parede de uma única peça. Quanto ao que melhor simula o ambiente natural... nada que nos possamos sequer aproximar com menos de 100 mil litros. O importane é que o aquário seja decorativo, com um aspecto final agradável e que os peixes se sintam bem. Acho que as rochas de esferovite são uma boa maneira de conseguir isso. Miguel

O aquário está giro. Atenção ao ciclo. Parece-me que povoaste o aquário demasiado depressa. Vai medindo os nitritos para não teres surpresas desagradáveis. Os nitritos são fáceis de medir e são um bom indicador do ciclo do aquário. Se estiverem muito altos muda imediatamente 50% da água - e continua a faze-lo nos dias seguintes enquanto tiveres nitritos altos. Miguel

Contra - Os Dempsey azuis são portadores de uma anomalia genética e geralmente estéreis, excepto em condições muito especiais de cruzamentos entre heterozigóticos. Tanto quanto sei, o cruzamento entre dois azuis é sempre estéril. O cruzamento entre dois dempseys normais portadores do factor azul poderá produzir azuis que por sua vez serão estéreis entre si. Trata-se mais um peixe artificial, com todos problemas que daí advêm. Nota - não estou a falar do dempsey normal, um peixe muito bonito que também apresenta pintas azuis, estou a falar disto: http://www.aquahobby.com/gallery/e_dempsey.php Bonito por fora mas um lixo genético por dentro. Miguel

Bom, a água do teu aquário pequeno não estava em condições, tinhas o aquário em ciclo? Devias ter enchido esse tal aquário com água do aquário principal. Também podes usar uma maternidade no aquário principal, inicialmente rodeada com uma meia de senhora para os outros peixes não tentarem sugar os alevins através das gretas. Nesta nova fêmea de boca cheia recomendo-te o seguinte: Enche o aquário pequeno com água do aquário principal. Coloca algumas rochas para decoração e esconderijos. Mete lá a fêmea e deixa-a em paz. Daqui a duas ou três semanas, quando vires peixinhos a nadar e a fêmea já comer, volta a colocá-la no aquário principal. Miguel

Bom, eu apaguei a resposta que estava a escrever. Achei que era demasiado irónica e injusta para um principante Só que posso dar um conselho que se usa bastante na minha área: Sai e volta a entrar. Mas antes de entrares outra vez tenta informar-te mais um pouco na net. Miguel

Para mim, um dos melhores peixes de cardume para aquários plantados é precisamente um killie: Aplochelichthys normani Miguel

Varia muito, no Malawi algumas espécies têm periodos do ano para reprodução - a estação das chuvas ou a estação seca. Só criam nessa altura. Nos caso dos mbuna as coisas são geralmente mais faceis, a maior parte cria todo o ano. Eu diria que a média de pseudotropheus e companhia serão umas 5 ou 6 posturas anuais mas se fores para peixes como os auratus consegues pelo menos o dobro... Além do ritmo próprio de cada espécie, penso que os peixes são também muito afectados pela temperatura, pela alimentação (não tanto em quantidade mas em qualidade - com muitas algas e crustaceos), pelo espaço disponivel e talvez também pelas condições de luz. Miguel

Viva, É assim mesmo. Nos kribs só a fêmea guarda os ovos. O macho fica cá fora. Quando os alevins nadarem ambos guardarão a ninhada. Miguel

Dá ordem de prisão à fêmea, numa maternidade, durante 4 ou 5 dias. Por essa altura o macho já se terá estabelecido no aquário. Quando voltares a pôr a fêmea coloca também um espelho por fora. Vais ver que a fêmea estará sobretudo preocupada com a outra femea... De qualquer modo coloca bastantes esconderijos e plantas. Assim evitas mortes por discussões conjugais. Miguel