Miguel Figueiredo

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Tudo publicado por Miguel Figueiredo

  1. Viva, Muitos ciclideos da Argentina, Uruguai e sul do Brasil aguentam o nosso clima. O mais comum e que está espalhado pelos nossos rios é o chanchito. Ciclideos de águas frias menos comuns mas que se dão bem no nosso clima são diversas especies de Geophagus, pelo menos um Apistogramma e, da américa central e do norte, o carpintae. Miguel
  2. Viva, É sempre um espectáculo interessante: Peixes-Joia de Bijagós com crias, acabo de fazer um pequeno filme: http://208.17.150.221/aq/BijagosJewel.wmv Miguel
  3. Olá Zooli, É verdade, tenho espaço dentro de casa para colocar os peixes tropicais de inverno mas apenas para alguns - muitas das chamadas especies "tropicais" aguentam perfeitamente o inverno, pelo pelos aqui onde moro (Margem Sul). Miguel
  4. Quem é que já viu uma carpa koi ou um peixe-vermelho apresentar um comportamento interessante? Estes peixes passam a vida toda a nadar, lentamente, de lado para o outro... e de um lado para o outro... e de um lado para outro. Parecem um filme de Manoel de Oliveira. Só acordam do sonambulismo quando é hora da paparoca mas assim que se acaba a comida... voltam ao mesmo. São coloridos, claro, foram selecionados para apresentar cores artificiais e, frequentemente, formatos corporais que lhes prejudicam a saude ou atrapalham a natação. O seu único objectivo na vida é apresentarem cor. Alguns kois chegam inclusivamente a ser cegos, para que desenvolvam determinado tipo de coloração! Qual é a alternativa? Espécies naturais claro. Em Portugal existem algumas interessantes. Mas também podemos fazer um povoamento à base de peixes "tropicais". Como eu dizia, num outro tópico, há CENTENAS de especies que aguentam o nosso clima e que são mil vezes mais interessantes em comportamento e biodiversidade, que kois e peixes vermelhos, incluindo ciclideos, viviparos, killies, tetras, anabantideos, loricarideos, etc. Podemos também usar peixes puramente tropicais, desde que os retiremos em Outubro. Muitas especies de peixes puramente tropicais irão reproduzir-se muito bem no lago durante os meses de verão. Por mim, gosto de chegar até ao jardim e debruçar-me no lago, ficando a observar os peixes e o seu comportamento. Já tentei observar kois e peixes-vermelhos mas... perfiro ver a relva a crescer. Sobretudo os ciclideos são fascinantes: namoram, guardam territórios, limpam zonas para o ninho, pastoreiam a nuvem de alevins pelo lago. Mas diversos outros peixes também nos surpreendem com "habilidades" que não lhes conhecemos no aquário: Os peixes do paraiso acompanham pequenas ilhas de plantas flutuantes, à medida que estas vão sendo arrastadas pelo vento. Por vezes, subitamente, saltam para apanhar insectos próximo das margens. Os zebras patrulham tudo, sempre em movimento, quase sempre em cardume. Têm curiosa reacção quando está vento: a cada sopro de vento precipitam-se para a superficie - talvez porque insectos minusculos ou ácaros sejam então arrastados para á água. Os amecas criam territórios debaixo das folhas dos nenúfares, por vezes cada folha tem um macho de guarda, assim que se aproxima uma fêmea, todos saiem da sua folha, exibindo-se e tentando atraí-la. Os corydoras mal os vemos, andam junto ao fundo (a especie C. paleatus aguenta perfeitamente o nosso clima) - mas de vez em quando têm ataques! Vêm trés ou quatro disparados do fundo, tocam na superficie e voltam de novo para o fundo! Grandas malucos... Um lago é uma oportunidade para descobrirmos muitas coisas interessantes e inesperadas, eu recomendo vivamente um povoamento com peixes naturais. Um exemplo, o meu lago: Entre outros ciclideos, é habitado por Gymnogeophagus meridionalis - estes peixes são capazes de aguentar temperaturas muito baixas e chegam a ser mantidos em lago, na Alemanha, durante o inverno! Dão-se perfeitamente no nosso clima: Os meridionalis com crias: http://208.17.150.221/aq/meridionalis.wmv Mantenho outros ciclideos, tipicamente tropicais mas retiro-os em Outubro. É o caso dos conhecidos Pseudotropheus saulosi. Um casal a reproduzir-se: http://208.17.150.221/aq/saulosi_0001.wmv É também no lago que tenho realizado a reprodução de Paratilapia sp "Andapa", uma espécie ameaçada. Nos últimos anos, na Europa, apenas foi reproduzida em dois locais: na Grécia e no meu quintal. Dois machos a definir territórios: http://208.17.150.221/apc/parafight.wmv Et voila, quem é que me mostra então um video das suas carpas kow em comportamentos minimamente interessantes, que não sejam nadar e comer? Miguel
  5. Se a encontrasses seria um achado. Como dizia eu neste tópico de 2005, ando à 12 anos à procura desta planta. Agora já são 14 Miguel
  6. Aconselho-te betão próprio para piscinas. Mangais não, já experimentei e morrem de inverno. Finalmente acho um GRANDE desperdicio ocupares um espaço espectacular como esse com Kois e companhia. Há CENTENAS de especies que aguentam o nosso clima e que são mil vezes mais interessantes em comportamento e biodiversidade, que kois e peixes vermelhos, incluindo ciclideos, viviparos, killies, tetras, anabantideos, loricarideos, etc, etc, etc. Miguel
  7. Sim, (apanhaste-me a editar o post) em lagoas talvez.
  8. Olá, como nunca encontrei vallisnerias na natureza (excepto no Lago Malawi, que tem caracteristicas próprias) não sei qual o biotipo delas. Suponho que será sempre em águas permanentes, dado que é uma planta 100% aquática. Penso que só será de esperar em lagos e rios de alguma dimensão. Miguel
  9. Fontenalis existe por quase todo o lado... algumas variedades dão-se bem em aquário outras mmorrem. Nenufares existem em alguns locais, por exemplo as lagoas um pouco ao norte da Figueira da Foz, como a Lagoa da Vela. Mas atenção, estas são zonas protegidas, se alguém for apanhado a colher nenúfares nestes locais pode ir parar à choça... Miguel
  10. Primeiro colocas umas pedras, depois a rede por cima. As pedras impedem que a rede e toque no fundo e criam portanto um espaço. Porém, se puseres os peixes logo estes passam pelos lados. Como o evitar? Colocas areão em cima da rede, só nos lados, a prende-la ao fundo. Assim os peixes já não passam. Também podes colocar pedras em cima da rede, dos lados, a fazer peso e a fechá-a mas tens que ter cuidado para não deixares nenhum espacinho. Os zebras veem os ovos e vão tentar chegar-lhes, são loucos por caviar. Miguel
  11. De facto já há muito muito tempo que não crio zebras talvez há uns dois ou três anos mas uma boa "alguidarada" resultava nuns 50 ou 60. Claro que quando os pequenos ultrapassavam o meio cm começarava a existir um excesso populacional, aí convem mudá-los para um espaço maior. A sopa são sobretudo infusórios que com palha, luz e calor proliferam em grandes quantidades. Agora em Agosto é optimo mas cheguei a fazer a receita em Abril, o problema é que neste caso os alevins crescem muito devagar e morrem mais. Se quiseres reproduzir zebras mais "a sério", então com um cardume de duas duzias, separação de sexos, um bom condicionamento, temperaturas a 28 C e um aquário de reprodução devidamente preparado (em ciclo, com rede no fundo, bem filtrado, etc) não é dificil conseguir-se muitas centenas por postura... mas certamente não é tão prático nem divertido como usar um alguidar Miguel
  12. Viva, Publiquei pela primeira vez esta receita em 1997 e desde então tem sido usada para reprodução não apenas de zebras mas também de outros peixes disseminadores de ovos não adesivos. O maior desafio é depois criar um número significativo de alevins até ao estado de adulto: os alevins de zebra são frágeis, são sensíveis à poluição e têm a boca demasiado pequena para comer artemia. Acabei por encontrar também uma forma aceitável (leia-se "que dá pouco trabalho") de resolver este problema. Receita Primavera-Verão para criação de Zebras (Ver. 2007) Material Meia dúzia de zebras, bem-alimentados. Um alguidar com um diâmetro minimo de 50 cm. O alguidar pode ser comprado, por exemplo,nas lojas dos chineses. Evite as cores claras. Areão e algumas pedras pequenas. Rede de plástico com gretas não demasiado pequenas mas por onde os peixes não consigam passar. A rede pode ser comprada numa drogaria ou nas grandes superficies de bricolage. Não deve ser branca - fundos muito claros provocam stress aos zebras. Preparação Recorte a rede de forma a ocupar o fundo do alguidar Recorte um pedaço mais largo que irá servir para tapar o alguidar Espalhe as pedras no fundo do alguidar e coloque a rede por cima. Ficará um espaço de 2 ou 3 cm entre o fundo do alguidar e a rede. Apenas o rebordo da rede tocará no fundo do alguidar. Espalhe o areão no rebordo da rede para a prender e para evitar que os peixes entrem no espaço entre o fundo do alguidar e a rede. Certifique-se que esta zona está bem vedada aos peixes. Encha de água da torneira, coloque anti-cloro e algumas plantas provenientes do aquário principal. Deixe repousar durante um dia ou dois. Cozinhado Coloque o alguidar num local que receba luz natural mas não luz directa (numa marquize, na cozinha proximo da janela, no jardim, etc). Coloque os zebras. Tape o alguidar com a segunda rede para evitar que os peixes saltem para fora. Deixe "a cozinhar" durante dois dias Os peixes devem passar 2 alvoradas no alguidar. A alvorada é a altura preferida para desovarem. Não os alimente para não poluir a água. Retire os zebras e, com cuidado, retire a rede de fundo. Et voila, cinco dias depois poderá ver pequenos pontos alongados e escuros a passear no alguidar. Como alimentar os alevins Quando for à loja dos chineses comprar o alguidar traga também um balde. Quando iniciar a preparação da receita primavera-verão comece desde logo a preparar também a futura alimentação dos alevins: Passe por um jardim e apanhe várias mão-cheias de palha seca ou folhas secas. Coloque essa palha numa meia de senhora velha e feche-a. Encha o balde com água do seu aquário principal e meta lá dentro a meia com a palha. Coloque num local onde apanhe sol. Se esse local for no exterior ponha uma rede por cima evitar as larvas de mosquito. Uma semana depois a "sopa" está pronta, exactamente quando precisamos dela para alimentar os alevins. Coloque uma chávena por dia de "sopa" no alguidar e substitua a "sopa" retirada por água sem cloro. 15 dias depois pode começar a tentar a comida seca bem desfeita entre os dedos. Quando os peixinhos lhe pegarem bem então pode deixar a "sopa". Por vezes há mortes na transição para a comida seca. Esta comida deve ser recem-encetada e de uma marca de qualidade. Após as primeiras 3 semanas deve mudar semanalmente 1/3 da água do alguidar por água sem cloro. No fim do verão... esvazie o alguidar e coloque os zebrazinhos no seu aquário. Se a receita tiver corrido bem então é provavel que os possa distribuir também pelos aquários dos amigos. Miguel PS- O autor nao se responsabiliza pelos dados causados por esposas ou mães enfurecidas se resolver usar os alguidares da cozinha...
  13. Lindo! Miguel
  14. Miguel Figueiredo

    Valisnérias

    Os ciclideos estão a comer as tuas valisnerias. Miguel
  15. Eu não o faria. 12 mbunas adultos e comilões em 160 litros já é demasiada peixaria. A estratégia aqui é mesmo colocar muitos peixes da mesma espécie, tentado reduzir ou pelo menos diluir a sua agressividade. Os demasoni são mais agressivos entre si que os saulosi, daí que eu tenha recomendado pelo menos 8... mas se começares com um grupo jovem o ideal serão uns 16, isto evita que apareça a hiper-dominancia (teres um peixe sempre visivel e os todos os outros escondidos), além disso, à medida que os peixes forem crescendo, podes ir retirando peixes, quer os demasiado agressivos quer os demasiado dominados e que passam o tempo escondidos. Uma vez havendo peixes adultos irão começar as reproduções. Com este tipo de povoamento podes deixar as fêmeas darem à luz no aquário e, com uma razoável quantidade de esconderijos, muitos dos pequenos irão sobreviver e crescer. Começarão a haver varias gerações no aquário criando-se hierarquias naturais baseadas em idades e tamanhos. A manutenção desta população consiste em ir retirando regularmente peixes do aquário, em especial os que se tornarem demasiado dominantes. Podes manter uma população deste tipo durante anos. Não inserindo novos peixes não corres o risco de doenças. O maior perigo será o da sobrelotação. Virá o dia em que um peixe morre ou um filtro fica obstruido ou não fazes mudanças de água há demasiado tempo... e de repente pode haver um morticinio. A mantenção de aquários muito povoados exige grande atenção à manutenção. Miguel
  16. Eh eh eh. Chega de salada, ah? Vai para o Tanganyika então, começando com conchiculas e Cyprichromis. Oops... mas tu queres azuis e amarelos... Monta então o aquário só com uma especie do Malawi: o Pseudotropheus saulosi. Umas 6 femeas e 6 machos, bastantes esconderijos e mudanças de água frequentes. Se quiseres manter mais que uma especie tens a alternativa 2: 4 caeruleus e 8 demasonis. Penso que assim conseguirás um bom efeito, se resistires à tentação de colocares mais especies: 160 litros não é muito espaço. Miguel
  17. Água Convem teres bastantes plantas e esconderijos para um dos elementos do casal se poder esconder se, inicialmente, for mal-tratado pelo outro. Fora isso, não têm requisitos especiais e podem ser mantidos facilmente num aquário comunitário a partir de 70 litros. Miguel
  18. O layout está ok, a corrente é demasiado forte e... aquele peixe proximo do filtro não era um nigrofasciatus? Miguel
  19. Viva, Sugiro-te uma continuidade no que já conheces: os aquários plantados mas povoando-os também com ciclideos. Tens basicamente dois tipos de ciclideos adequados a aquários muito plantados e com estas dimensões: Por um lado, os anões da América do Sul, como por exemplo, os apistogramas e, por outro lado, os ciclideos da Africa Ocidental. Talvez um aquário de plantas para africanos seja menos comum e, portanto, esta poderia ser a opção mais interessante. O problema é encontrares as espécies. São muito raras em Portugal, provavelmente terias que te basear nas importações das lojas para as conseguires. Poderias começar, por exemplo, com Nanochromis travestitus, Anomalochromis thomasi ou Pelvicachromis taeniatus. De facto, existem DEZENAS de especies adequadas de ciclideos na África Ocidental, na sua grande maioria desconhecidas em Portugal. Se queres mesmo começar pelo principio, então poderás colocar um pequeno grupo de kribs no aquário plantado. Irias observar o sempre fascinante comportamento dos ciclideos a cuidar das ninhadas e poderias vir incluir mais duas ou três especies menos comuns de africanos ocidentais, à medida que as fosses conseguindo. Podes também ir para os ciclideos dos lagos: tanganyika, Victoria, Malawi... e serás mais um entre centenas. Pelo contrário, a manutenção de aquários plantados com ciclideos anões da África Ocidental é uma das áreas da aquariofilia ainda por descobrir no nosso país - se quiseres mesmo ter "uma grande aventura". Miguel
  20. Viva, Sobre a amónia na água do mar: Lembro-me das colheitas que fazia há uns anos nas praias da costa: entre 15 a 20 minutos até a colocar em aquário e não havia problemas. Se esperasse umas horas a água tornava-se em água choca: Até o cheiro era diferente. A água do mar está viva, está cheia de plancton. Se a deixarmos demasiado tempo dentro dos contentores então essa água irá morrer, devido à falta de oxigenação e ao aquecimento. Daí a amónia. Façam as medições da amónia in loco: Estará a zero. Façam-as outra vez algumas horas depois de apanharem a água e possivelmente irão encontrar amónia. Eu evitaria colocar água do mar "velha" em aquários bem estabelecidos, especialmente em grandes quantidades. Já no enchimento de aquários novos não acho existam grandes problemas... nesta fase a amónia acaba por ser uma coisa normal. Miguel
  21. Que giro. É dificil dizer que peixes são, talvez tetras ou danios. Eu aposto em zebras, se os tinhas no aquário. Senão, então um tetra qualquer, como neon negro, neon rosa ou mesmo pinguins. Nestes tetras é normal começarem a aparecer os pequenitos, assim que tiras os adultos do aquário... Miguel
  22. Viva, Infelizmente o arquipélago de S.Tomé é de origem vulcânica e está muito distante do continente, logo não há peixes de água doce nativos, embora existiam algumas espécies de água salgada (gobios) que sobem os cursos de água doce. Quando a ciclideos africanos pequenos... provavelmente a tua melhor opção, nos lagos do rift, serão os conchiculas do Tanganyika. Mas já que falaste em S. Tóme... a Africa Ocidental tem montes de ciclideos interessantes para pequenos aquários. A maior parte destas especies são muito raras em Portugal mas há uma ou duas muito comuns, é o caso dos Kribensis. Miguel
  23. João, Depende do peixe. A captura de peixes de água salgada para fins ornamentais pode ser pouco amiga do ambiente: Devido aos métodos de captura: Frequentemente usa-se cianeto. Para captura de alguns peixes mata-se quilometros de recife. Além disso os peixes capturados com cianeto duram poucos meses no aquario, abrindo caminho a mais capturas. Em alguns locais, se não houver um controle minimo, algumas especies começarão rarear podendo mesmo desaparecer. Esta ultima situação não é muito problemática. Os recifes são vastissimos. Quase sempre, é a pesca para alimentação que destroi o equilibrio. Os stocks de especies com interesse ornamental podem ser mantidos com relativa facilidade, quer rodando locais de captura quer criando zonas interditas que vão naturalmente repovoando as zonas de pesca. Em água doce, apenas para certas especies, muito especificas, como os loricarideos ou os arrowanas asiáticos, a captura para fins ornamentais pode ter impacto negativo no ambiente. De facto, a colecta de peixes de água doce pode ser um importante recurso renovável. Veja-se o exemplo do Amazonas, anualmente uma área do tamanho de metade da Europa é inundada por água que pode chegar a ter varios metros de altura. Grande parte dos peixes escolhe o principio desse periodo para reprodução, permitindo aos novos peixinhos invadir esse habitat recem-criado. Meses depois virá o periodo de seca e triliões de peixes morrem, incluindo discus, escalares, cardinais, apistogramas... etc. Não serão uns quantos milhões de peixinhos, enviados para os aquários todos os anos, que fazem perigar as populações. Isto eventualmente só poderá acontecer num "spot" minusculo de alguns quilometros na proximidade de um exportador. Nestas regiões pode ser importante também rodar as zonas de captura. Na Africa Oriental temos mesmo o caso dos peixes anuais, como os Nothobranchius (killies). No inicio da estação seca TODOS estes peixes morrem nos charcos. Nessa altura, a colecta para efeitos de aquariofilia não só não teria impacto ecológico iria aumentar substancialmente o tempo de vida a alguns peixes felizardos. Também na Africa Oriental, temos o caso dos ciclideos dos grandes lagos, como Tanganiyka ou o Malawi. Todos os anos centenas de milhares de toneladas de ciclideos (de TONELADAS, não de peixes) são apanhados para consumo humano. Estes peixes, são uma das principais fontes de proteinas para as populações locais. A captura para fins ornamentais é uma gota de água neste oceano e é normalmente feita em zonas rochosas, onde apenas uma infima parte dos peixes existentes poderá ser capturada. Mesmo neste caso, é sempre um bom principio existir rotatividade nos locais de captura. A vastidão destes lagos assegura uma capacidade de fornecer peixes para o mercado ornamental que será talvez mil vezes superior às necessidades actuais, sem que isso possa fazer perigar as populações actuais. O grande inimigo destes biotipos não é a captura para efeitos ornamentais, é a poluição e a introdução de novas especies. Foi assim se extingiram centenas de especies no Lago Victoria. Na Bacia do Amazonas o inimigo são os madeireiros. Locais que deixam de ter florestas deixam de ter biodiversidade aquática: é a floresta que alimenta grande parte da vida nos rios, com matéria organica, frutos, sementes, insectos. Podemos capturar 1 milhão de cardinais num dado rio. Esperamos uns meses e voltamos a capturar 1 milhão de cardinais. E todos os anos o poderemos fazer, sem afectarmos esta especie e o equilibrio natural. Porém, se destruirmos a floresta circundante nunca mais haverá cardinais nesse rio. Nem cardinais nem dezenas de outras especies. A protecção da natureza deve ser feita com bom senso e com entendimento dos biótipos. No Brasil, cortas centenas de quilometros quadrados de floresta e és aplaudido, estás a contribuir para a economia do país mas se apanhares um peixinho que seja para manteres em aquário serás preso e usado como exemplo de "ladrão" dos recursos naturais. É a coisa mais hipocrita e mais disparatada que existe. A colecta de peixes selvagens para manutenção em aquário, com algumas importantes excepções a ter em conta, em água salgada e em algumas especies de água doce, é uma actividade amiga do ambiente, ao contribuir para o conhecimento dos biotipos e para a sua defesa. Só protegemos aquilo que conhecemos. Os peixes ornamentais, do Tanganyika ao Amazonas, são a melhor publicidade possivel pela defesa desses habitats. Infelizmente, não são os aquariofilistas que estão a destruir este mundo. Miguel
  24. Bom, post num forum não é um artigo cientifico. De resto, não expus nada de novo, tudo isto é do conhecimento geral e dar-me-ia uma trabalheira tentar encontrar exactamente os autores, livros e capitulos onde aparecem estas referencias :D De qualquer modo, grande parte do que sei sobre o Malawi tem como referencia as obras do Konings, um ou outro pormenor terá a ver com a minha experiencia "in loco", nas diversas expedições que fiz ao lago e claro, com mais de uma decada a manter estas espécies. Tens também um bom contributo para muitos dos conceitos indicados no conhecido trabalho de Streelman sobre as C. Afra introduzidas na ilha de Thumbi West, cujo link apresentaste. Miguel
  25. Viva, Penso que estes dados poderão ser úteis: Na natureza, quando se cruzam duas espécies, o mais comum é não existir descendencia. Em espécies aparentadas poderão haver hibridos. Os hibridos apresentam por vezes anomalias e geralmente são estéreis. Só que no Malawi as coisas são diferentes, aqui a natureza brincou com o conceito de espécie e os hibridos são geralmente... viáveis. A maior parte pode gerar descendencia fertil, mesmo que os pais tenham um aspecto completamente diferente! Uma teoria diz que os ciclideos dos lagos criaram tantas especies (800 só no Malawi) em tão pouco tempo porque têm um mecanismo próprio de especiação. Talvez um sistema que estimule o isolamento reprodutivo dentro de uma população, baseado em cor ou no aspecto. Por exemplo, o grupo da ponta leste do mesmo reef começa a preferir machos de dorsais amarelas. Depois dessa barreira criada ambas as "espécies" competem pelo mesmo alimento e espaço e é natural que desenvolvam especializações diferentes. Constata-se que espécies muito aparentadas vivendo juntas numa mesma região do lago NÃO SE CRUZAM. Uma das primeiras preocupações da natureza é precisamente impedir a hibridização. Por exemplo, o Labeotropheus fuelleborni e o trewavasae são tão parecidos que a maior parte dos aquariofilistas não os distingue, a não ser que já conheça a coloração específica de uma dada população. Se misturarmos estes peixes de zonas diferentes do lago teremos uma caldeirada de hibridos mas se misturarmos peixes das duas espécies que co-habitam a mesma região elas não se cruzam. As espécies muito parecidas que vivem juntas desenvolvem mecanismos de diferenciação, por exemplo, optam por cores complementares: se a especie A é amarela num local, a especie parecida, a B, é azul nesse local. Noutra zona será a especie B a amarela e a A a azul. Na prática, a natureza cria barreiras para impedir a hibridização. Porquê? Porque a hibridização (do ponto de vista da natureza) é péssima: destroi a especialização. Se uma das duas espécies parecidas desenvolveu dentes mais separados para "peneirar" melhor as algas e se a outra espécie desenvolveu um nariz mais forte para conseguir arrancar as algas, um hibrido irá ter um nariz musculoso que o incomoda a "peneirar" as algas ou uns dentes com os quais não consegue puxar as algas para as arrancar. Pode também não ter nenhuma das caracteristicas úteis de ambas as especies e, em épocas de pouco alimento, irá morrer. Um hibrido, quando acontece, é como uma mutação genética: Só um caso em milhões poderá criar um ser vivo mais adaptado. Nesta circuntancia rarissima então sim, é preservado pela selecção natural. De facto, a hibridização natural é um dos mecanismos que a natureza tem para criar uma espécie nova. É também um mecanismo muito raro. A natureza, quase sempre, não gosta da hibridização. No Malawi, quanto duas especies cometem o erro de se cruzar, os hibridos são 99.99999% das vezes peixes menos adaptados. A natureza, não apenas elimina esses peixes como as especies que se podem cruzar com facilidade aprenderam (por selecção natural) a criar barreiras entre si. Assim evitam o enorme desperdicio de esforços reprodutivos. No nosso caso, quando cruzamos duas espécies no aquário, estamos precisamente a fazer aquilo que a natureza tanto se esforça por evitar. Por vezes podemos ter a sensação que estamos a criar algo de novo: São peixes que não existem na natureza. Não existem por um motivo simples: tratam-se de seres vivos menos adaptados e que não teriam hipoteses no mundo real. Com a hibridização criamos peixes deficientes, sem aquela magia que lhes permite, no seu meio ambiente original, sobreviver e reproduzir-se. Sim, os hibridos acontecem no meio natural. Acontecem como também acontecem as deficiencias: os peixes cegos, de espinha torta, de barbatanas defeituosas, de guelras expostas... É algo que a natureza tenta evitar ou corrigir depois, eliminando-os. Nós não precisamos de seguir estas regras, somos seres humanos, somos um factor muito especial da natureza que tem a capacidade de subverter outros. Por exemplo, para efeitos de estudo, os cientistas criam deliberadamente hibridos, isso não é certamente errado. Já os peixes que mantemos no aquário são uma questão de gosto. O gosto é algo que não se discute mas não fará mal estarmos devidamente informados, para podermos escolher. Um hibrido é um peixe deficiente, onde algumas das caracteristicas dos progenitores estarão disfuncionais. É um peixe que não sobreviveria no seu biotopo de origem. Manter ou não esses peixes tem a ver com a forma como vemos os aquários. Pessoalmente, gosto de manter especies genuinas, que sejam representantes dos seus biotipos de origem. Gosto que o aquário seja uma janela para natureza. Não pretendo um montão de coisas artificiais a nadar de um lado para o outro. Outros vêm o aquário simplesmente como um espaço decorativo. Convem tenha cor e movimento, a natureza interessa pouco. Neste caso é indiferente se os peixes são hibridos ou não. Se esta perspectiva é condenável? Penso que não. É uma questão de (mau) gosto. É como gostar do amarelo ou ser-se de um determinado clube... gostos não se discutem. Miguel