chegas ao pé do vendedor e fazes assim:
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Assim que o viu no escuro levantou-se num pulo rápido, os anos na força tinham tornado os seus instintos calculados, os seus movimentos ágeis. Mas ele continuou a avançar, passos medidos, lentos, fortes, um pequeno brilho nos olhos frios e distantes. Tentou gritar alguma ordem mas a voz não obedeceu, instintivamente levou a mão ao coldre da arma preparando-se para a sacar.
Continuou a avançar cada vez mais próximo, os lábios denotavam um pequeno sorriso, não o conseguia conter, quando ele levou a mão ao coldre, colocou a mão no punho da faca e desembainho-a, o barulho do aço contra a protecção da bainha encheu a sala e continuou a avançar lenta e destemidamente, como um gato atrás do seu rato.
O brilho da lâmina enfeitiçou-o por uns momentos, e o seu movimento suave fê-lo segui-la com os olhos ate se reencontrar com os olhos dele, o brilho intensificara-se e o frio aumentara, sentia-se como um rato ao pé de uma víbora. – Vamos tu tens uma glock dispara - o pensamento fê-lo agir e retirou a arma do coldre empunhando-a com a destreza de muitos anos de uso, mas ele não parou, muito menos abrandou ou acelerou, como se soube-se que a arma iria encravar, que estaria sem balas, que estava em modo de segurança, testou a segurança só para ter a certeza, mas ele continuava a avançar.
O puxar da arma aguçou os sentidos, os seus paços ficaram mais pesados, mais tensos, nem todos chegariam a compreender isso ate ser tarde de mais.
- “Pare.” Conseguiu dizer, mas em vez da sua voz treinada e colocada apenas saio um sussurro roço e grave para mais alguém além deles os dois ouvir, mas ele continuava a avançar, não dava um paço sem ter o pé bem colocado, devagar e sistemática a lamina tinha viajado com a mão para trás das costas, como se quisesse que ele se esquece-se dela, aqueles olhos, frios, sedutores, negros como a noite lá fora. Vários pensamentos vaguearam outra vez pela cabeça e teve de confirmar que tinha mesmo uma arma na mão, desviou o olhar por dois segundos. Era a sua arma na mão pronta a disparar, aprontou-se e voltou a encontrar o olhar com o dele.
Desviou o olhar dos olhos dele e em menos de dois segundos já estava colado a ele com a faca pronta a rasgar-lhe a garganta.
Demasiado rápido, já estava colado a ele tentou-se desviar e reposicionar a arma e disparou.
O som de um disparo, um esguicho de sangue quente que voou salpicando tudo por onde passou.
O silêncio."