RESUMO TRADUZIDO/ADAPTADO
"Aquarium Care of Oscars"
Neal Pronek e Brian M. Scott
Ciclideo originário da América do Sul, Astronotus Ocellatus (nome cientifico) quer dizer aquele que está marcado com uma estrela, usando-a em lugar de um olho. Além do nome comum de Óscar é também frequentemente designado em alguns países de Ciclideo Pavão ou de Veludo. O Tamanho máximo é de 40cm na natureza, normalmente em aquário atinge os 35cm nas diversas variedades, sendo que os Albinos no máximo chegam aos 30cm. O tamanho máximo pode ser alcançado em dois anos ou menos. Atingem a maturidade para criação cerca dos 15cm com cerca de 1 ano a ano e meio. O ritmo de crescimento é elevado e até podem chegar aos 15cm em apenas 6 meses se forem sobrealimentados.
As espécies base são o A. Ocellatus e o A. Crassapinis, tendo recentemente surgido outras sub-espécies como o A. Orbiculatus e dependendo da opinião de diversos investigadores, devem existir actualmente entre 4 a 10 sub-espécies. O Óscar comum, selvagem (A. Ocellatus), apresenta coloração castanha a verde de base, com quantidades variáveis de preto, vermelho, laranja ou creme.
Existem diversas variedades de Óscar fruto de reprodução selectiva, desde espécies mais comuns como o vermelho, tigre, ou tigre vermelho, aos dourados, amarelos, verde, ou albinos que normalmente não são verdadeiramente albinos por possuírem pigmentação, apresentando no entanto as características base dos albinos, olhos vermelhos e cor branca. A reprodução selectiva gerou ainda caudas de véu em algumas das cores apresentadas anteriormente, no entanto esta variedade é mais susceptível a problemas com as barbatanas muito longas e mais frágeis.
1.Óscar – Porque?
Quais os atributos/características principais do Óscar? Não é um peixe especialmente bonito, é sujão, glutão, briguento mas sem instinto assassino e desarruma qualquer aquário quando lhe apetece!
Apesar destes "defeitos" possui um temperamento com vontade e personalidade prÓpria, sendo considerado um dos peixes mais inteligentes, que reconhece os donos e chega a aceitar receber caricias. O Óscar se treinado com dedicação pelo dono pode até realizar pequenos truques como passar através de arcos ou imitar um cão de guarda, nadando com ar feroz para um lado e para o outro do aquário.
Estas qualidades tornaram o Óscar num verdadeiro animal de estimação e num dos peixes de aquário mais populares de sempre.
2.Montagem do Aquário para Oscars:
Quanto maior for o aquário melhor, claro! mas cerca de 190lts para um exemplar ou 285lts para dois é considerado o mínimo aceitável (há autores que defendem bem mais e além da litragem do aquário há que considerar o comprimento e profundidade, 120 ou 150cm de frente consoante se trate de um ou dois e 50cm de profundidade é recomendável devido ao porte do peixe). Para um par e mais alguns peixes do mesmo porte, no mínimo deve-se ter 380lts. Mais que o tamanho do aquário, o principal são os cuidados e a atenção a dispensar na sua manutenção:
A temperatura ideal é de 25º, sendo no entanto suportável pelo Óscar temperaturas ligeiramente superiores e até o mínimo de 21º ou menos, mas por curtos períodos. Na reprodução a temperatura deve ser aumentada para 27º.
O Ph, aceita-se que esteja entre os 6 e 7, valores encontrados na natureza, mas a sua tolerância é muito grande, resistindo bem a Ph´s inferiores e superiores, entre os 5 e 8.
Quanto à decoração, este aspecto da montagem de um aquário para Oscars nem sempre é importante para os seus donos, a beleza principal do aquário está no animal e não na decoração, no entanto além de pedras e troncos de madeira pode-se experimentar plantas resistentes, como por exemplo a "planta espada do amazonas". Normalmente os juvenis toleram as plantas mas quando adultos é difícil de as tolerarem, pelo que a colocação deve ser de forma a que não sejam facilmente removidas, e se o Oscar insistentemente arrancar tudo, mais vale desistir.
A iluminação não é importante, os Oscars não gostam de luz forte, sendo a luz ambiente suficiente, no entanto iluminação não muito forte para realçar o aquário e ver melhor os peixes é o ideal. No caso dos Oscars vermelhos, uma iluminação adequada para o crescimento das plantas, realça as suas cores.
A filtragem deve ser potente (diversos autores recomendam entre 3 a 5 vezes o volume de água real por hora), uma vez que o seu porte e hábitos alimentares sujam muito a água, bem como a ausência ou poucas plantas que possam ser mantidas não ajudam muito à manutenção de bons níveis de qualidade da água sem uma boa filtragem e TPA´S.
As TPA'S devem ser regulares para promover o crescimento, melhorar as cores e a sua saúde em geral, mesmo com bons sistemas de filtragem. Recomenda-se um mínimo de 25% de mudança de água semanalmente e uma vez por mês 50 a 65%.
3.Compatibilidade com outros peixes:
Sendo um peixe brigão, territorial e grande, obviamente deve ser mantido apenas com espécies do mesmo porte e não especialmente agressivas, nem demasiado tímidas para não importunarem ou serem demasiado importunadas pelo Óscar. Peixes demasiado pequenos que lhe caibam na boca podem ser comidos e peixes ligeiramente menores ou que se deixem intimidar serão alvos de "bullying", mas o Óscar, salvo raras excepções, não tem um instinto assassino e aniquilador de qualquer peixe que encontre, normalmente fica-se pelos ataques contidos sem grandes danos, se verificar que o outro peixe não o incomoda e aceita o seu domínio. Pelo contrário, peixes demasiado agressivos e grandes podem até dar cabo do Óscar.
Espécies reconhecidas por inúmeros criadores e detentores de Oscars, como bons companheiros (entre muitos outros) desde que o aquário tenha dimensões adequadas (ver requisitos de cada espécie):
- Leporinus;
- Bagrichthys macracanthus - Bagre;
- Australoheros facetus - Ciclideo camaleão;
- Severum;
- Hypselecara temporalis- Ciclideo chocolate ou esmeralda;
- Geophagus steindachneri - Eartheaters;
- Barbonymus schwanenfeldii - Barbo Tinfoil;
- Chromobotia macracanthus - Botia Palhaço;
- Metynnis hypsauchen - Silver Dollars;
- Lepomis gibbosus - (P e r c a - s o l) Espécie inserida no DL 565/99. Lista de espécies cuja venda é proibida em Portugal ou Chinchito;
Espécies reconhecidas como maus companheiros, a evitar:
- Jack dempsey;
- Midas;
- Red devil;
- Jaguar;
- Green terror;
- Texas;
- Carpinte;
- Cinturão negro;
- Lobo - Parachromis dovii;
- Red Terror - Cichlasoma festae.
4.Alimentação:
O Oscar é um glutão e não se pode ceder à tentação de o sobrealimentar. A variedade é mais importante que a quantidade. Enquanto os pequenos comem de tudo em tamanhos pequenos, os grande preferem pedaços maiores para mastigar.
Não há uma regra fixa, o ideal é desenvolver um esquema de alimentação e manter, mas é indicado para peixes/Oscars:
Até aos 10cm dar alimentação 3 x ao dia devido ao elevado ritmo de crescimento e necessidade de nutrientes quando nesta fase.
Entre 10 e 20cm devem ser alimentados 1 a 2x ao dia.
Com mais de 20cm podem não comer alguns dias ou fazer pequenas refeições 1 x ao dia dando um grilo ou uma minhoca por exemplo e 3 x por semana fazer refeições maiores.
As quantidades a dar consoante o tamanho do Óscar nunca devem ser superiores ao volume da sua barriga.
Os alimentos indicados são vários. Pode-se dar comidas granuladas ou flocos consoante os tamanhos, formuladas para Ciclideos Carnívoros, podendo os grandes experimentar comida para Koi ou Trutas. As larvas vermelhas são boas para os juvenis mas no caso dos adultos acaba por sujar demasiado a água. A comida congelada, tendo em atenção a sua qualidade (não descongelar e voltar a congelar) é uma boa opção.
A comida fresca como camarão, fígado, Krill, ou comida viva como Grilos, Minhocas “Bloodworms” e pequenos Peixes são no entanto mais completas e nutritivas. A alimentação viva devido ao seu elevado teor de proteínas e gordura, em especial das minhocas, não deve ser dada diariamente, apenas 2 a 3 x por semana. Há que ter ainda especial atenção á origem dos vivos pois animais doentes ou intoxicados podem provocar doenças no Óscar. Se não encontrarem minhocas nas lojas de animais, as lojas de artigos de pesca costumam ter para usar como isco.
Uma receita caseira a dar fresca e que pode de seguida ser congelada para outros dias é bastante simples e fácil de preparar: Juntar pedaços limpos de Camarão, Lulas e outros peixes, triturar, juntar vitaminas prÓprias para peixes e folha de gelatina para solidificar, dividir em pequenas doses e fazer bolinhas ou quadradinhos de diversos tamanhos consoante o(s) Oscar(s) que tenham em casa e já está!
5.Doenças:
Por norma o Óscar é um peixe resistente que recupera bem das doenças. As mais frequentes são:
Feridas - devido a lutas, rituais de acasalamento, na desarrumação do aquário ou até por danos em equipamento como os aquecedores, que devem ser resistentes ou ter protecção. Devido às feridas é necessário ter a agua bem limpa para evitar o desenvolvimento de fungos.
Ictio – em especial os juvenis são susceptíveis a esta doença, devido a quebras bruscas da temperatura ou exposição a outros peixes. Tratamento adequado com medicação resolve facilmente este problema.
Odinium – além de tratamento adequado com medicação, quando necessário, as TPA'S regulares e limpeza do filtro, bem como não sobrealimentar o Óscar são a melhor prevenção.
Indigestão – o Óscar é um glutão e se lhe dermos ele come sem parar podendo ter uma indigestão. Os sintomas são recusa em comer, manter-se parado num canto do aquário ou nadando de cabeça para baixo. Neste caso, um jejum de vários dias sem comer até uma semana é indicado.
Parasitas internos – barriga inchada pode pressupor duas situações, ou um tumor, na prática incurável, ou parasitas internos, normalmente associado o inchaço também à não evacuação de dejectos, mantendo o peixe a sua postura activa e apetite voraz podendo viver assim durante anos. Um desparasitante é aconselhável pois face à retenção de fezes durante largo período de tempo os danos no peixe podem ser mortíferos.
Em relação ao uso de sal para combater parasitas este não é totalmente recomendado. Se os peixes necessitam de sal para manter a estabilidade a nível celular, o excesso deste pode ser prejudicial e levar à morte. De facto o sal não evapora e a adição consecutiva de sal pode levar ao excesso, bem como à adaptação dos prÓprios parasitas às características da água.
Quarentena - em situações de detecção de doenças, ou como prevenção na aquisição de novos peixes, o mais indicado é efectuar uma quarentena. Em média 21 dias serão suficientes. Para o Óscar um aquário de cerca de 75lts é razoável, devendo o nível de água ser um pouco mais baixo em relação ao aquário principal de forma a aumentar a transferência de gás à superfície. A água deve ser mantida a 27º, sem filtragem química e com bomba de ar para aumentar a oxigenação se o peixe for medicado. Usar apenas 1 medicamento de cada vez para evitar possíveis reacções químicas tÓxicas entre medicamentos diferentes, excepto de tal for recomendado por um veterinário. O fundo e laterais do aquário devem ser escuros e a iluminação e decoração mínimas, basta um esconderijo para o peixe se refugiar. Deve dar-se alimentação várias vezes ao dia em pequenas porções e de qualidades/tipos diferentes. O excesso de comida tem de ser removido imediatamente bem como efectuar-se TPA'S regulares.
6.Criação:
Com cerca de 15cm e ano a ano e meio os Oscars atingem a sua maturidade estando aptos a procriar, no entanto como não há distinção física visível entre macho e fêmea a não ser no tubo ovopositor da fêmea que é mais largo que o de esperma do macho, em primeiro lugar há que se tentar conseguir um par. Quando os pares se formam devem ser colocados em aquários prÓprios, com parâmetros de agua ideais, pedras grandes achatadas e aumentar a temperatura para 27º.
Para se conseguir um par há duas hipÓteses:
A primeira, em que há que ter em conta o numero de exemplares a adquirir juvenis, 9 é um numero quase matematicamente impossível para que não exista pelo menos um par, no entanto o volume do aquário para albergar tantos Oscars obsta a que na maior parte dos casos se adquira tantos. Com 6 juvenis a probabilidade baixa, mas é ainda bastante provável de ter pelo menos um par. Nem sempre o facto de ter pares é garantia de sucesso porque estes podem não ser compatíveis.
A segunda hipótese é tendo apenas um Óscar, ou tendo vários mas que não formaram par, procurar por um parceiro compatível, de outro aquariÓfilo ou em lojas. Neste caso deve-se ter a certeza que os peixes já têm a idade necessária e juntar os dois no aquário preparado para o efeito, separando-os fisicamente durante uma semana com uma divisória no tanque de forma a que se vejam mas não se toquem. Depois juntasse, mesmo quando se ignoram ou lutam ligeiramente deve-se ter calma e insistir um dia ou dois antes de os separar de novo, caso não se verifiquem comportamentos de acasalamento. Se não resultar à primeira deve separar-se novamente com a divisória mais uns dias e tentar mais duas vezes.
O processo desenrola-se naturalmente se o par for compatível. Havendo diversos rituais que indicam se se está no bom caminho. Luta boca a boca, cabeça com cauda, bater com a cauda na água, remexer o areão ou limpar pedras planas, o local mais indicado para a fêmea por os ovos que o macho irá fertilizar. Se por acaso em vez destes rituais um morde na cabeça e corpo do outro é separar de imediato, o par pode não ser par!
Se houver sucesso, após um dia ou dois de serem juntos, a fêmea coloca os ovos numa superfície achatada previamente limpa pelo macho que os vai fertilizar e guardar. Passados cerca de 3 dias da fertilização começarão a nascer os novos Oscars. Os alevinos não sabem nadar e vão-se manter colados aos ovos e à pedra, alimentando-se durante 4 dias do saco/ovo. Após estes 4 dias necessitarão de alimentação própria. Com TPA´S frequentes e boa comida, em 3 meses podem alcançar os 4 a 5 cm.
Na natureza cerca de 90% dos alevinos não sobrevive e por vezes os pais podem até os comer. Se a criação é essencial e se pretende o maior numero de novos Oscars possível, então deve-se considerar retirar os pais do aquário depois da postura.
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