Marco Monteiro Publicado Dezembro 13, 2007 Publicado Dezembro 13, 2007 Olá amigos, frequentemente surgem inúmeras dúvidas relativas à montagem de um aquário para ciclídeos africanos do Lago Malawi, principalmente aos iniciados nesta área tão fascinante. Por forma a dissipar algumas dessas dúvidas e tornar mais simples a montagem e futura manutenção desses aquários, deixo aqui algumas dicas relativas a este biótopo: Aquário Os ciclídeos do Lago Malawi são peixes cuja sociabilidade (factor comportamento/agressividade) aliada a uma forte personalidade não pode de forma alguma ser desprezada. Para combatermos da melhor forma esta questão, é aconselhável um aquário com um mínimo de 120cm de frente, sendo igualmente importante a largura do mesmo (mínimo de 40cm), que determina por conseguinte a sua base e que irá permitir alguma maneabilidade no que diz respeito à decoração a utilizar. Tal não significa que não possam ser utilizados aquários com frentes mais curtas, optando nestes casos por um aquário monoespécie, por exemplo com um trio composto por MachoxFêmeaxFêmea. Nestes casos, para evitar problemas futuros, a escolha de espécies mais pacíficas é de considerar. Substrato Uma vez que os parâmetros químicos da água de um biótopo Malawi são muito específicos, é importante colocarmos um substrato que nos permita de alguma forma elevar essa química da água para os valores desejados. Nem todos nós conseguimos obter um PH e uma dureza de água elevada a sair directamente da torneira, pelo que será mais simples se optarmos de imediato por um substrato calcário. Desde areia coral, seixos calcários que se encontram facilmente junto ao mar, pedaços de coral de maior granulometria, a solução mais económica é sem dúvida alguma a areia de praia. Deve ser retirada junto à beira-mar porque já vem praticamente lavada (e retirada de uma praia que se conheça minimamente o índice de poluição). Desta feita, basta chegar a casa e lavá-la uma ou duas vezes para que fique pronta de imediato a colocar no aquário. É frequente surgirem algumas dúvidas relativas ao uso deste tipo de areia, uma vez que é susceptível de danificar o sistema de filtragem do aquário. Esse problema é facilmente resolvido, bastando para isso colocarmos o tubo de aspiração de água um pouco mais acima e afastado do fundo. Decoração A decoração de um aquário Malawi depende essencialmente das espécies que iremos escolher. Consabido é que os ciclídeos africanos são divididos em Mbunas (Peixe-de-rocha) e Non-Mbunas (incluindo-se nesta categoria os Peacoks e Haplochromis). Se optarmos por um aquário apenas de Mbunas, é extremamente importante que a decoração inclua algumas rochas com inúmeros buracos que irão determinar o comportamento destes peixes depois de verem os seus territórios já definidos. Se por outro lado optarmos por um aquário de Non-Mbunas, por exemplo de Aulonocaras, estas preferem zonas mais arenosas em detrimento dos rochedos. Os aquários mesclados, com mbunas e non-mbunas, revestem-se de uma decoração rochosa, seguida de uma zona extensa de areia e com algumas plantas. Aquecimento A regra normalmente utilizada na aquariofilia indica-nos que o ideal será 1watt por cada litro de água. Assim sendo, para um aquário com um volume útil de 200 litros devemos utilizar um termóstato de 200Watt. Iluminação O factor luminosidade num biótopo africano não se reveste de tanta importância quanto seria de esperar num outro biótopo de água doce. Na realidade, a iluminação nestes aquários serve essencialmente para realçar a cor/tonalidade dos peixes e fortalecer algumas plantas que por ventura venhamos a colocar no aquário e que, mesmo essas, serão pouco exigentes no que diz respeito a luminosidade. Desta forma, para um aquário de 240 litros úteis, qualquer coisa como 60-70W é mais do suficiente. O tipo de lâmpadas varia desde as Dayligth até às Actínicas (com um espectro mais azulado e que favorece a tonalidade de algumas espécies de ciclídeos). Sistema de Filtragem A filtragem num aquário de ciclídeos africanos é um dos factores mais importantes para a correcta manutenção do mesmo. Por norma, os ciclídeos do Malawi (principalmente quando já são adultos) sujam muitíssimo a água do aquário que rapidamente se deteriora. Exactamente por isso, e porque neste tipo de aquários onde a alcalinidade é muito elevada a amónia pode ser fatal, é aconselhável a utilização de um filtro exterior que tenha no mínimo um caudal de 5 vezes por hora o volume do aquário. A título de exemplo, para um aquário com um volume real/útil de 240 litros é aconselhável um filtro que faça pelo menos 1200litros/h. Em conjugação com o filtro exterior, a colocação de uma Power-Head (cabeça motorizada) no lado oposto à saída do filtro é uma excelente aquisição. Para além de permitir uma maior circulação de água à superfície, e por conseguinte uma maior oxigenação da água do aquário, estas cabeças motorizadas são passíveis de efectuarem uma filtragem mecânica (bastando acoplar uma espoja por baixo da Power-Head) auxiliando desta forma o filtro exterior. Para além do mais, em aquários completamente fechados, será uma preciosa ajuda no combate às elevadas temperaturas que se fazem sentir no verão e que fazem disparar a temperatura da água do aquário. Parâmetros químicos da água Com uma química da água muito específica, à semelhança de outros lagos africanos, os valores ideais a atingir num aquário de biótopo Malawi são os seguintes: PH: 7.5 a 8.5º GH: entre os 4 e os 6 dH KH: entre os 6 e os 8 dH Os valores indicados são os desejáveis para equiparação com a água existente no Lago Malawi. Flora A flora num biótopo africano, principalmente no que diz respeito a ciclídeos do Malawi, é um assunto que gera alguma discórdia no seio da aquariofilia. No entanto, volto a reiterar a minha posição neste assunto de que é possível de facto manter algumas plantas em condições razoáveis neste biótopo. Para tal, basta que tenhamos algum cuidado na escolha da flora e proceder a uma fertilização quinzenal da mesma. As plantas mais indicadas para estes aquários, não só pela sua fraca exigência ao nível da luminosidade mas também pela grande resistência à alcalinidade que se faz sentir nestes biótopos, são as Valisnérias Gigantea, Anúbias var. Barteri e Nana, Fetos de Java e algumas Echinodorus. Administrando uma dieta alimentar equilibrada aos ciclídeos africanos, conseguimos poupar as nossas plantas dos seus ataques fortuitos. À semelhança do que acontece em toda a aquariofilia, é conveniente que depois da montagem do aquário seja respeitado o tempo necessário para que se complete o ciclo do azoto. Por norma, ao fim de 3 semanas de “ciclagem” chega a altura de colocarmos em segurança os nossos ciclídeos africanos. A compatibilidade entre espécies é um factor de extrema importância nesta fase, pois será a partir deste momento que os peixes começam a estabelecer os seus territórios, a criar as suas inimizades, a crescer e a reproduzir-se. Se não existir ponderação na escolha de espécies, o equilíbrio desejado nunca mais será atingido e a manutenção deste biótopo irá revelar-se um autêntico fracasso… Um abraço, 5 Marco D'Oliveira Monteiro APC #195 Meu Blog
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