Nuno Antunes Publicado Abril 19, 2006 Publicado Abril 19, 2006 Bom... finalmente e após algum tempo a estagiar aqui no meu computador tenho tempo para colocar disponivel para todos este artigo que foi publicado na revista da APC. O artigo resultou da minha pesquisa quando me iniciei em tropheus e conta com a participação do Eduardo em factores essenciais. Espero que gostem. Um desafio chamado tropheus Quase todos nós, amantes dos ciclideos africanos já alguma vez ouvimos falar de tropheus e já vimos fotografias espectaculares destes animais. Aqui à uns meses atrás decidi que já chegava de ver fotografias e embarquei na aventura de pesquisar e tentar saber mais sobre os tropheus, com o objectivo ultimo de os manter num dos meus aquários aqui em casa. Este artigo é o resultado dessas pesquisas, de perguntas e respostas e da contribuição de muita gente que me foi dando um pouco do seu saber e mestria e aos quais devo agradecer. Deixo ainda um agradecimento especial ao Eduardo Telles Santos pelas suas respostas no forum de aquariofilia e pela autorização em as transcrever para aqui. Sem mais demoras, comecemos então. Primeiro embate O primeiro embate de um noviço em tropheus é negativo. Lêem-se relatos de colónias inteiras perdidas da noite para o dia, de peixes que se atacam sem dó nem piedade, de criadores à beira de um ataque de nervos. Depois, com a continuação dos estudos, começa-se a perceber que estes relatos são efectivamente reais, mas não inevitáveis. E começa-se a perceber também que afinal de contas o tropheus é um peixe bastante exigente e com um comportamento marcado. Afinal de contas um tropheus é um ciclideo, briguento e territorial como é normal nos ciclideos, mas também sensivel a alimentações erradas e a stress em demasia. :DPrimeiras (in)decisões – o aquário Uma das primeiras (in)decisões que um pretendente a dono de tropheus enfrenta prende-se com o tamanho minimo aceitável para um aquário. Segundo as minhas pesquisas o tamanho minimo dos minimos para adultos será sempre um aquário com 120 cm de frente. Verificando em sites estrangeiros, especialmente americanos, eles usam aquários de 240L para colónias de tropheus o que me levou a pensar que se poderiam usar aquários com 100cm de frente mas pesquisas mais aprofundadas revelaram que se tratam efectivamente de aquários sempre com pelo menos 120cm de frente. Assim, um aquário de 120cm será o minimo, um de 150cm aceitável e um de 200cm ou superior o mais indicado. Tentando perceber um pouco do porquê dos 120cm descobri um artigo do mestre Ad konings que referia que um macho duboisi dominante reclama para si uma área com entre 60 a 70cm de diâmetro. Ora se tivermos 2 machos dominantes teremos de imediato duas áreas de 60 cm, logo os tais 120cm de frente e isto por si só já é justificação suficiente. Mas ao que parece os 20cm extra em relação aos aquários de 100cm podem ser o suficiente para que um peixe perseguido se consiga escapar ao perseguidor, evitando ferimentos. Quantos peixes? Outra das (in)decisões é quanto ao número de peixes a ter. O tropheus é um peixe normalmente caro e daí a primeira reacção é querer comprar só um ou dois até por medo de morrerem. Nada mais errado. O tropheus é um peixe de harem e como tal deve existir um macho e diversas fêmeas. O facto de ser um peixe agressivo, de ter uma estrutura hierarquica e social muito fechada e de adições posteriores virem a abalar essa estrutura causando lutas pela hierarquia faz com que os peixes devam ser todos adicionados ao mesmo tempo e que a adição posterior de um ou dois individuos resulte normalmente na morte dos recem-chegados. Segundo relatos que li, é possivel adicionar mais peixes quando os tropheus ainda são juvenis, ou se forem um grupo alargado mas o risco de perturbação de uma hierarquia existe sempre. A adição em juvenis é a que apresenta menos problemas potenciais pois os jovens não terão ainda os instintos apurados dos adultos, sendo mais permissivos. A introdução da colónia completa logo no inicio permite também a convivencia um pouco mais pacifica entre machos dominantes e dominados, embora o risco de agressão não desapareça totalmente. E quantos tropheus então? Aqui as opiniões divergem em função do tamanho das bolsas e da facilidade de se encontrar a espécie que se quer. Diria que o minimo dos minimos seriam 10 exemplares, para que se possa ter um rácio machos/fêmeas seguro e para que a morte de algum peixe não perturbe demasiado o rácio. Já vi aconselhado em sites valores que vão desde os 12 aos 30 peixes, acho que realmente depende da bolsa de cada um. Agora é certo que, como quase todos os ciclideos africanos, uma quantidade elevada de exemplares ajuda a distribuir as agressões, evitando o massacre de um peixe apenas. Que espécie? Qual a mais calma? De uma forma geral todas as espécies são agressivas, todas são sensiveis e todas geram macho dominantes. A opinião geral parece apontar no sentido do grupo brichardi ser o mais violento e exigente. Dentro dos restantes tudo pode acontecer. Segundo o que li, sp red e moorii parecem gerar mais vezes machos hiperdominantes, os sp black são os mais irrequietos e briguentos mas também os melhores reprodutores e os duboisi estarão no meio termo. De uma forma geral, de peixes com uma personalidade forte tudo pode acontecer e tudo de pode esperar, pois tanto podem ser uns anjos como uns diabinhos. O conselho que mais tenho visto é: “escolhe os que te agradarem mais, pois são todos bem exigentes” Como decoro? Uma pergunta complexa, sem resposta clara e definitiva. A decoração de um aquário de tropheus consiste basicamente em pedra. Sendo territoriais as pedras irão funcionar como marcos de território e serão defendidas com algum vigor. Alguns criadores preferem por isso usar aquários nus de forma a limitar um pouco a agressividade. Para quem como eu não gosta do aspecto de um aquário nu existem sempre opções por fundos 3d, paredes de rocha ou monticulos de pedras. As paredes corridas de pedra parecem ser mais propicias ao aparecimento de machos hiperdominantes, mas isso não é um facto comprovado. Ao darmos a hipotese de se estabelecerem territórios estamos a atrair um comportamento natural nos nossos peixes com tudo de bom e de mau que isso acarreta. Algumas pessoas não gostam de jardins de pedra e preferem sempre colocar umas plantinhas. Também aqui não há consenso sobre que tipo de plantas resistem a estes herbivoros, pois há quem tenha tropheus que até as plantas de plástico atacam! Pessoalmente, prefiro apostar em iluminação e fertilização para criar algas, pois tenho usado esse metodo no meu aquário de mbunas com algum sucesso. continua: http://www.aquariofilia.net/forum/viewtopi...pic.php?t=42158 Nuno Antunes Mantenho: Tropheus brichardi ujiji "Katonga" Tropheus moorii Lufubu Apistogramma hongsloi
João Magalhães Publicado: Maio 12, 2006 Publicado: Maio 12, 2006 "Outra das (in)decisões é quanto ao número de peixes a ter. O tropheus é um peixe normalmente caro e daí a primeira reacção é querer comprar só um ou dois até por medo de morrerem. Nada mais errado. O tropheus é um peixe de harem e como tal deve existir um macho e diversas fêmeas. O facto de ser um peixe agressivo, de ter uma estrutura hierarquica e social muito fechada e de adições posteriores virem a abalar essa estrutura causando lutas pela hierarquia faz com que os peixes devam ser todos adicionados ao mesmo tempo e que a adição posterior de um ou dois individuos resulte normalmente na morte dos recem-chegados. " Eu aqui tenho que fazer algumas observações: É perfeitamente possível manter um casal em vez de um harem. Como é o caso dos mbunas, que são peixes poligâmicos, os tropheus também o são, e como tal é perfeitamente viável manter um casal e ter reproduções. O problema maior está em acertar nesse casal, mas há métodos quase infalíveis que podemos usar. Na questão de adicionarmos mais peixes ao aquário da mesma espécie é perfeitamente viável, desde que os que adicionarmos sejam juvenis, os que já lá estão não se vão importar com eles. Podemos também como acontece com os mbunas colocar várias espécies de tropheus, no entanto aqui há uma dificuldade: a agressividade de uns para com os outros. Não é porque uns possam atacar de forma a matar os da outra espécie, trata-se apenas de os encomodarem e os mais pacíficos se sentirem stressados e poderem adoecer por causa disso (o bloat nos tropheus é muitas vezes causado pelo stress nestas condições). Ou seja, se quisermos ter mais do que uma espécie de tropheus devemos ter em conta o seu comportamento e acompanhar a sua estadia durante algum tempo. Por exemplo manter morii com brichardi é complicado, os brichardi são muito mais activos e agressivos que os morii, podendo causar stress nos morii. Nos tropheus a existência de colónia é meramente teórica, existe hierarquia mas não existe colónia, uma colónia é quando todos os individuos lutam pelo mesmo, cuidam das crias todos eles e defendem-se em grupo como é o caso dos similis. A "colónia" nos tropheus é resultado da hierarquia que se cria dentro do grupo, mas não existe união. O compostamento dos tropheus não é muito diferente dos mbunas, apenas com a particularidade que referi anteriormente: A cohabitação de mbunas é pacífica porque existem diferenças significativas e nos tropheus é complicado porque as diferenças entre eles é apenas a coloração e o tamanho. cumps João Magalhães APC #45 http://joalmag.blogspot.com/
jpereira Publicado: Maio 12, 2006 Publicado: Maio 12, 2006 Pela curta experiência que tenho, concordo que se podem ter mais que uma espécie de tropheus, mas isso depende da dimensão do aquário e concordo que será desnecessário ter colónias, sendo viavel ter-se ou casais ou trios (1m/2f), relativamente a adicionar a um grupo já estavel de tropheus novos elementos da mesma espécie a forma mais viavel deverá adicionar-se pequenos ou juvenis, no entanto não deixa de ser impossivel adicionar adultos, mas será quase que imperativo retirar-se o grupo do aquário alterar-se o layout do aqua colocar-se os novos elementos e só depois colocaro grupo, assim minimiza-se as baixas. Cumprimentos Cumprimentos, José Pereira
Nuno Antunes Publicado: Maio 15, 2006 Autor Publicado: Maio 15, 2006 Eu aqui tenho que fazer algumas observações: É perfeitamente possível manter um casal em vez de um harem. Como é o caso dos mbunas, que são peixes poligâmicos, os tropheus também o são, e como tal é perfeitamente viável manter um casal e ter reproduções. O problema maior está em acertar nesse casal, mas há métodos quase infalíveis que podemos usar. Sim é possivel manter apenas um casal e até há quem o faça com bastante sucesso (inclusivamente criadores). A recomendação em manter diversos elementos vai no sentido da agressividade dos machos para com as fêmeas. O Ad Konnings, por exemplo, diz que a unica maneira correcta de manter tropheus é em grupos de 10 ou mais individuos e com rácios de 1:n no caso de brichardis e annectens e rácios que podem ser de até 1:1 para as restantes espécies. É preciso não esquecer que o tropheus é um peixe grande e embora com 6, 7cm as brigas entre eles não acarretem grandes "estragos" brigas entre peixes de 10/12cm bastante encorpados e com dentes especializados para "descascar" pedra já podem provocar estragos consideráveis. Da experiencia no meu aquário, noto que o macho está por norma mais interessado em manter o seu território e não propriamente em perseguir as fêmeas para procriar. Poderá ser devido ao facto de ainda ser um peixe pequeno ou então devido ao numero de elementos no aquário mas por norma são as fêmeas a virem procurar o macho ao seu território e não o contrário. Na questão de adicionarmos mais peixes ao aquário da mesma espécie é perfeitamente viável, desde que os que adicionarmos sejam juvenis, os que já lá estão não se vão importar com eles. Isso por norma é válido. No entanto, no meu aquário já vi um macho a perseguir e atacar um juvenil (alevin ainda) que entrou inadvertidamente no seu território por isso é uma "regra" que considero como genérica e como sempre, a seguir a introduzir novos elementos deve-se sempre verificar a sua integração no grupo. Nos tropheus a existência de colónia é meramente teórica, existe hierarquia mas não existe colónia, uma colónia é quando todos os individuos lutam pelo mesmo, cuidam das crias todos eles e defendem-se em grupo como é o caso dos similis. A "colónia" nos tropheus é resultado da hierarquia que se cria dentro do grupo, mas não existe união. Pessoalmente quando falo em colónia não é no sentido de grupo de entreajuda mas sim no sentido de um grupo de peixes da mesma espécie com regras sociais e hierarquicas. Nuno Antunes Mantenho: Tropheus brichardi ujiji "Katonga" Tropheus moorii Lufubu Apistogramma hongsloi
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