Just_me Publicado Março 10, 2006 Publicado Março 10, 2006 Podar as plantas – Quando, como e porquê? O substrato escolhido e colocado, as pedras, troncos e outros objectos decorativos colocados, o plantio feito, os peixes colocados no aquário. Está feito! Ainda falta muito até chegarmos ao layout idealizado, as plantas têm de crescer, parecer saudáveis e acima de tudo, crescerem como queremos. Assim, a poda das plantas é um passo essencial para a construção e manutenção do aquário na forma pretendida e com um aspecto saudável e agradável. Para um aquariofilista inexperiente ou para quem começou à pouco tempo a construção de jardins subaquáticos, a poda pode ser um momento de muitas dúvidas. Desde o “será que as vou matar” ao porquê podar, quando podar, o que podar e como podar, são dúvidas que os assaltam, e por vezes é com receio que se pega na tesoura para proceder à poda, Para um aquáriofilista experiente e conhecedor do desenvolvimento das plantas é um momento de reflexão, e uma acção ponderada antes de ser executada, o que vou podar e como vou podar para obter a forma pretendida? Este artigo pretende ser uma abordagem às técnicas de poda, visando responder a algumas destas dúvidas e dar alguns conselhos sobre a poda. A primeira pergunta, a mais óbvia é: Porquê podar as plantas se elas estão com um crescimento vigoroso? Existem várias razões para se podar uma planta: Para os aquáriofilistas que apenas as querem manter saudáveis as principais razões são: Para manter a planta saudável Para remover folhas velhas ou danificadas Para promover maior e melhor crescimento da planta, rejuvenescendo-a Para impedir o crescimento de algas em zonas de crescimento compacto onde peixes ou invertebrados comedores de algas não conseguem chegar Para um aquáriofilista experiente que pretende obter um layout de acordo com a sua imaginação, existem ainda as seguintes razões. Para obter um crescimento temporal equilibrado do aquário Para restringir crescimentos indesejados Para esculpir as plantas Espero que esteja claro o quão importante a poda é, para manter o aquário com crescimento luxuriante e agradável e para a manutenção de um ecossistema equilibrado. Começando pelo principio, quando podar? A poda de um aquário deve ser feita sempre que necessário. O desleixo nas podas pode deitar a perder todo o trabalho despendido na criação de um layout harmonioso, quer por termos plantas a crescer para zonas indesejadas, pela acumulação de folhas velhas que levem a planta a perder vitalidade, quer pelos desequilíbrios no ecossistema se uma poda excessivamente grande se tornar necessária. Diferentes plantas têm necessidades de poda diferentes. Tipicamente as plantas mais exigentes são as de caule, com taxas de crescimento tipicamente elevadas, em que a poda é importante para manter as folhas de baixo a receber iluminação, para conseguir o crescimento de novos rebentos e para impedir que tomem conta de espaços indesejados. No outro extremo temos as plantas de crescimento lento tais como anubias, fetos e cryptocorines em que a poda, tipicamente se resume a retirar folhas velhas ou danificadas ou atacadas por algas. Nestas plantas a remoção de folhas que perdem valor para a planta é importante já que garante o rejuvenescimento da mesma, um melhor aproveitamento de nutrientes, e uma forma mais agradável. No entanto a poda deve ser feita com cautela, nem todos os momentos são propícios para a poda de uma planta submersa, e é importante compreender as plantas, o seu ritmo de crescimento e forma de crescimento para entender as suas necessidades de poda. A poda feita num momento em que a planta se encontre vulnerável pode revelar-se não só não estimulante para novo e saudável crescimento da planta, como inibidor de crescimento levando a planta a definhar e em casos extremos ser fatal para a mesma. Diferentes tipo de poda para atingir diferentes objectivos Vamos então considerar os vários tipos de poda a serem executados num aquário. Dentro da poda de manutenção incluem-se: A poda de rejuvenescimento, importante para manter as plantas num estado jovem e de bom crescimento, e que pode assumir a forma de remoção de folhas mortas, o corte de pontas de crescimento que exibam fraco crescimento, ou que não tenham espaço para se expandirem mais. Em certas plantas de tapete, como por exemplo na família eleocharis o corte das pontas, como se de um relvado se tratasse, é essencial para o seu crescimento compacto e acelerado. A poda de rejuvenescimento de “arbustos”, uma técnica mais radical utilizada em arbustos com bastante tempo de maturação, em que os caules inferiores já perderam todas as suas folhas, tornando-se inestéticos e em que o corte do arbusto pode ser total deixando apenas alguns centímetros de caule acima do substrato, para um novo arbusto ser criado de raiz. A poda de contenção, removendo pontas de crescimento indesejadas e que possam bloquear a luz para outras plantas ou que simplesmente cresceram demasiado ou para o sitio errado. O corte ou remoção de runners para manter as plantas de propagação subterrânea dentro dos limites físicos pretendidos. Dentro da poda formativa incluem-se: O corte de pontas de crescimento para promover crescimentos laterais, já que nas plantas de caule o meristema apical (ponta de crescimento), tem uma dominância química sobre os outros meristemas apicais da mesma planta, e portanto o corte deste, ou um simples beliscar, para ferir este meristema sem o matar, leva a uma resposta química na planta e ao subsequente desenvolvimento dos anteriormente considerados secundários. Em plantas de caule implica o corte deste e é uma forma particular de promover o crescimento lateral, já que o crescimento desta ponta está terminado mas o desenvolvimento dos restantes meristemas desenvolvidos e o aparecimento de novos meristemas na zona d´nó anterior é extremamente provável. É uma técnica utilizada para promover a forma de arbusto denso dentro de um grupo de plantas. A criação de camadas (layers), através da poda a diferentes alturas dentro de um mesmo grupo de plantas, ou em relação a outros grupos de plantas ou partes do hardscape. Técnicas de poda Como foi explicado anteriormente, existem vários tipos de plantas com diferentes formas de crescimento, necessidades de poda, e portanto diferentes tipos de poda são necessários. Vamos então observar as diferentes técnicas de poda utilizadas e a melhor forma de as executar. Poda de plantas de roseta Nas plantas de roseta como as echinodorus, ou cryptocorines, a necessidade de podas normalmente restringe-se ao retirar de folhas velhas, mortas ou seriamente atacadas por algas. Já que nestas plantas o caule é quase inexistente o corte destas folhas deve ser feito, utilizando uma tesoura ou lamina afiada para o corte ser limpo, o mais perto possível do substrato ou da raiz, de forma a deixar o mínimo da folha para apodrecer. O mesmo procedimento pode ser aplicado por exemplo em plantas como valisnérias ou por exemplo nas cyperus helferi. Poda de plantas de rizoma O procedimento é em tudo semelhante à poda das plantas de roseta, só que nestas as folhas devem ser retiradas o mais perto possível da rizoma. O retirar das folhas pode ser executado utilizando uma tesoura afiada, por exemplo nos fetos, ou, no caso da maior parte das anúbias puxando a folha, com a mão ou com uma pinça precisa de pontas finas, num movimento contra o sentido de crescimento da folha de forma a a que a folha “descasque” do rizoma. A remoção deste tipo de folhas deve ser feita idealmente assim que são detectadas. Poda das plantas de caule Nas plantas de caule a remoção de folhas individualmente pode ser uma tarefa ingrata e portanto quando estas se situam num caule lateral procede-se ao corte deste utilizando novamente uma tesoura de corte preciso para se obter um corte o mais limpo possível. No caso de folhas na parte inferior do caule a remoção uma a uma torna-se necessária. Devido ao crescimento acelerado deste tipo de plantas por vezes é necessário executar podas formativas, cortando a meio do caule ou broto lateral. De maneira a diminuir o impacto visual das podas o corte deve ser feito junto ao caule principal, ou logo a seguir a uma ponta, num corte horizontal no caso de duplas opostas ou num corte diagonal a seguir a folha no caso de folhas simples. Poda de plantas de propagação por runners (estolhos) Por vezes estes tipos de plantas de crescimento rápido, glossostigma, lilaeopsis, sagittaria, conseguem formar um tapete demasiado denso e de crescimento descontrolado. Neste caso o ideal é com uma pinça de pontas estreitas seleccionar runners e puxar de modo a retirar um runner ou parte deste. Para evitar partes completamente descobertas por vezes é necessário cortar o runner pelo meio, processo que deve ser executado com uma tesoura afiada para não o mastigar de modo a que a planta possa continuar o seu desenvolvimento pelo runner. Depois do corte a parte retirada do substrato deve voltar a ser enterrada utilizando a pinça. O corte dos runners é tambem utilizado para aumentar o ritmo de crescimento da planta. Neste caso o runner deve ser cortado a intervalos de 2 ou 3 grupos de folhas, resultando normalmente numa divisão do runner ou induzindo o desenvolvimento de novos runners. No caso de plantas da família das eleocharis o corte da parte superior destas plantas é necessário para promover o seu desenvolvimento saudável. A altura a que este corte deve ser feito depende do tipo de eleocharis. No caso das eleocharis parvula ou minima, de pequeno porte, o corte deve ser feito a uma altura de poucos centímetros, já no caso da eleocharis vivipara que pode atingir várias dezenas de centímetros a altura a que deve ser efectuado o corte dependerá da altura do aquário. No caso desta ultima planta a propagação não é feita exclusivamente por runners mas também por divisão da folha a diversas alturas o que poderá, para certos efeitos, ser inestético, sendo por isso necessário fazer o corte abaixo desta divisão. Poda de plantas como musgos ou riccia A poda neste tipo de plantas, que acabam por ser um conjunto compacto de várias plantas, é importante quer para controlar o seu crescimento é moldar a sua forma quer para manter as partes inferiores das plantas ou plantas inferiores com acesso á luz. Assim a poda pode ser feita com uma tesoura aparando de maneira a que acompanhe o hardscape a que estão presas, ou no caso dos musgos com uma mão segurar o corpo principal e com a outra tirando pedaços fios de plantas, aproveitando depois para compactar ou moldar o musgo com a mão. Cuidados a ter após a poda Como a maior parte dos aquários não é podada diariamente mas sim numa base semanal ou com intervalos de tempo ainda maiores, há que ter em atenção que o ecossistema foi modificado. Assim, reduziu-se a massa vegetal e tipicamente as plantas concentram-se em reparar os danos causados pela poda, tal como o recobro após uma cirurgia, e portanto as suas necessidades nutricionais podem variar. Para impedir os surtos de algas indesejados devido a esta operação é necessário ter alguns pontos em atenção. Remover os restos da poda minuciosamente, quer os flutuantes utilizando por exemplo uma rede, ou os maiores utilizando uma pinça ou as mãos. Reduzir a fertilização de acordo com a massa vegetal retirada e com a quantidade de plantas podadas Reduzir a injecção de Co2 Em casos extremos reduzir o número de horas de iluminação. Para finalizar, relembrar que a poda deve ser feita tendo em conta acontecimentos da vida quotidiana, como por exemplo o convidar de visitas para irem a casa ou outros mais extraordinários, como o tempo de preparação para concursos de layouts. Agora que já estão conhecidos os aspectos fundamentais da poda é dar liberdade á veia criativa e construir o aquário ao longo do tempo. Para discussão sobre este tema ( dúvidas, ideias, correcções, etc), por favor façam-no aqui... 1 Tantas plantas, tantos peixes, tantas possibilidades... tão poucos aquários! - Me
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